Shimbashira_2010.10

A todos os senhores e senhoras, agradeço sinceramente o esforço empenhado para regressar no dia de hoje, de suas respectivas localidades, do Japão e do exterior, para a Grande Cerimônia de Outubro. Ainda, agradeço de coração pelo empenho de todos nos trabalhos em prol do Caminho no cotidiano, cada qual em sua posição. Acabamos de realizar o Serviço Sagrado e, a partir de agora, gostaria de transmitir-lhes o meu pensamento. Solicito humildemente a atenção de todos.

As primeiras palavras proferidas por Deus-Parens a nós, serem humanos, foram: “Eu sou o Deus original, o Deus verdadeiro. Nesta casa há uma predestinação. Desta vez, revelei-me neste mundo para salvar toda a humanidade. Desejo ter Miki como meu Sacrário.” Essa foi a revelação divina da Tenrikyo. Nestas palavras, tão breves e, ao mesmo tempo, tão condensadas, estão contidos o objetivo da revelação divina e vários pontos importantes do ensinamento.

Primeiramente, é expresso sobre Deus da seguinte maneira: “Eu sou o Deus original, o Deus verdadeiro”. Significa que Deus-Parens é o Deus original que, na criação original, iniciou o mundo e os seres humanos com o desejo de ver e compartilhar da vida plena de alegria e felicidade. Ao mesmo tempo, é o Deus verdadeiro que, ainda hoje, concede o seu trabalho em absolutamente todas as coisas do undo, a começar pelo calor, umidade e respiração no corpo humano, e pelas providências do fogo, da água e do vento no mundo.

“Nesta casa há uma predestinação” indica que Jiba é o local onde os seres humanos foram concebidos e, esperando a chegada do tempo predeterminado, iniciaria aí o derradeiro ensinamento, conforme a promessa feita na criação original. Ainda, utilizou a palavra “casa”, que indica um lugar de moradia humana, para sugerir que não apenas o local, mas também as pessoas que vivem aí possuem a predestinação original. Na Parte XI do Ofudessaki temos:

O início deste mundo foi em Yamato,

na aldeia de Shoyashiki do Distrito de Yamabe. XI-69

Nesse local, na residência dos Nakayama,

avistam-se os instrumentos com que criei os seres humanos. XI-70

Estes instrumentos são Izanagui e Izanami

e também Kunissazuti e Tsukiyomi. XI-71

Tendo-os verificado, Tsukihi desceu do céu

e fez preparos para instruir-lhes todas as coisas. XI-72

Assim, deixou explanado que, a começar por Oyassama, o marido Zembee, Shuji e Kokan, as pessoas que possuíam a alma predestinada dos instrumentos originais da criação foram sendo atraídas à residência.

Em seguida, na frase “Desta vez, revelei-me neste mundo para salvar toda a humanidade” deixa claro o grande objetivo da revelação divina. “Desta vez” indica a alvorada do dia em que foi atingido o número de anos igual ao número de filhos gerados na primeira geração, conforme combinado na criação original, ou seja, quer dizer a chegada do tempo predeterminado. “Para salvar toda a humanidade” significa que Deus-Parens revelou-se para salvar, sem discriminação, todas as pessoas do mundo.

Além disso, “Desejo ter Miki como meu Sacrário” quer dizer que, introduzindo-se no corpo de Oyassama, explicará a intenção divina através de sua boca. Deixa clara, assim, a posição de Oyassama como “Sacrário de Deus”. Pelo fato de ter citado Miki nominalmente, podemos concluir que Oyassama foi determinada como Sacrário de Deus por possuir a alma predestinada.

A intenção de Deus-Parens é salvar as pessoas de todo o mundo, sem nenhuma exceção, e concretizar o mundo da vida plena de alegria e felicidade. Este foi o objetivo para o qual foi iniciada a Tenrikyo.

Assim, mesmo que o motivo do ingresso nesta fé tenha sido para solicitar a salvação de alguma angústia, alguma enfermidade ou algum problema circunstancial, pode-se dizer que, ao seguir este ensinamento, espera-se que a pessoa desenvolva, um pouco que seja, o espírito de desejar a salvação do próximo e se empenhe nessa prática visando a vida plena de alegria e felicidade e correspondendo à intenção divina.

Antigamente era dito “ingressar na fé, ou seja, fazer o missionamento”. Ouvimos que muitas pessoas engajavam-se no missionamento logo após concluir o seminário Bekka, amparando-se somente na doutrina das Dez Providências Divinas e das Oito Poeiras. Aí existia a emoção por terem sido salvos de doenças e problemas circunstanciais e desejar retribuir de alguma forma. Tenho a certeza de elas possuíam a convicção de que ensinamento da Tenrikyo era maravilhoso e de que a fé neste Caminho era gratificante. Embora a realidade da época fosse diferente da de hoje, não podemos simplesmente considerar o ânimo dessas pessoas como uma história do passado.

Desde a revelação, a Tenrikyo é um ensinamento que almeja a salvação do mundo todo, e esse objetivo não mudou em absolutamente nada até hoje. Para concretizá-lo, devemos fazer com que o ensinamento de Oyassama chegue a todas as partes do mundo. O caminho da salvação do mundo ainda está no seu início. Temos no Ossashizu:

“Ainda, ainda, não se pode pensar, não se pode pensar que já seja o caminho amplo. (...) Compreendeis que não se pode traçar o caminho com extravagâncias. Conduzindo gradativamente com sandália de palha (waraji) e acumulando firmemente o mérito é que a razão tem eficácia.”

Ossashizu de 4 de novembro de 1898

Assim, considerando que a situação atual é que a maior parte das pessoas do mundo ainda não conhece o derradeiro ensinamento, não podemos, de maneira alguma, relaxar o espírito. Sem desistir, devemos abrir e expandir o caminho da dedicação única à salvação com constância e passos firmes.

Quando se fala em salvar o mundo e concretizar o mundo da vida plena de alegria e felicidade, algumas pessoas podem pensar que seja uma meta demasiadamente grandiosa e sintam que seja uma conversa distante da sua realidade.

Entretanto, se ficarem entretidos somente com as coisas que estão diante de seus olhos ou com as coisas à sua volta, esquecendo-se da meta final, sem perceber poderão se afastar do Caminho e serem levados a um resultado desagradável e inesperado.

O espargimento da fragrância e a salvação com constância e simplicidade é que fazem com que o Caminho se expanda e o círculo da vida plena de alegria e felicidade se amplie. Por outro lado, não se pode esquecer de corrigir a rota, sempre que houver oportunidade, através de uma grande diretriz.

Mesmo fazendo a divulgação de porta em porta, o fato é que dificilmente conseguimos alguém que nos ouça, e isso os senhores sabem muito bem. Entretanto, antigamente, sob pressão e discriminação ainda maior, os antecessores do Caminho não pararam de andar à procura de pessoas que necessitassem ser salvas. Gostaria que os senhores gravassem no coração que é graças a isso que temos a imagem atual do Caminho.

Numa sociedade onde se diz que as pessoas não tem mais laços de relacionamento, não são poucas as pessoas que estão sofrendo solitárias, pois, mesmo tendo angústias, não têm com quem conversar. Além disso, por não possuírem nenhum amparo espiritual, surgem a incerteza, a angústia e as desavenças.

Na atualidade, existem as angústias e as aflições da atualidade, havendo numerosas pessoas necessitando da salvação. Em meio a essa situação, é necessário formar o maior número possível de pessoas que se engajem firmemente no missionamento.

Acredito que a base da divulgação é o desejo fervoroso de que as pessoas próximas sejam felizes e sejam salvas. Justamente por estarmos numa época em que são muitas as pessoas que não se importam com o que acontece ao seu redor, gostaria que primeiramente pensassem e se preocupassem com as pessoas à sua volta.

Ainda, creio que essa preocupação não deve ser apenas com as pessoas de fora, mas também com a família e com os parentes. Aparentemente, têm aumentado o número de famílias em que as pessoas, apesar de morarem sob o mesmo teto, não conversam muito e raramente se veem. Ultimamente, ouvimos com frequência sobre casos desoladores envolvendo a família.

Nas famílias de yoboku, creio que não há essa preocupação, mas, justamente por ser uma família de yoboku, gostaria que se preocupassem e conversassem uns com os outros. Nas famílias em que um se preocupa com o outro, salvando-se e ajudando-se mutuamente, é muito difícil que aconteça o rompimento das relações, e justamente esse aspecto se torna um exemplo para a localidade em que se vive. Creio que é por haver Deus-Parens e Oyassama no centro da família que isso acontece.

Transmitir a fé aos filhos e aos parentes e estimular a sua maturação espiritual não seria a melhor maneira de se fazer a divulgação e a salvação? Graças ao que é assimilado na vida familiar centralizada na fé, quando estiverem a ponto de se afastar do Caminho, os filhos reconsiderarão a sua posição. Ainda, quando se defrontarem com os variados nós que surgem durante a longa vida, serão capazes de superá-los amparando-se no ensinamento. Pensando assim, gostaria que tivessem essa preocupação com a família. Fazer o missionamento para fora e transmitir a fé às pessoas de dentro não são, necessariamente, coisas diferentes.

Agora a pouco, falei sobre pessoas que saíam para o missionamento amparando-se na doutrina das Dez Providências e das Oito Poeiras. Entretanto, não se trata apenas de coisas que nos dão suporte no missionamento. As grandes providências que recebemos dia a dia, no mundo e dentro do corpo, são coisas que nos foram ensinadas sistematicamente e servem como pistas para refletirmos a respeito do significado contido nos nós, ou seja, enfermidades e problemas circunstanciais que nos são mostrados. Não posso deixar de sentir um gratificante amor parental especialmente no fato de ter ensinado que os erros de uso espiritual são como poeiras, que podem ser limpas se fizermos uma reflexão de nossas atitudes dia a dia.

Ainda, estes são ensinamentos da doutrina que estão muito ligados à nossa vida cotidiana. Os mestres antecessores sentiram pessoalmente o quanto isso era correto e, justamente por possuírem essa convicção, desejaram transmitir para as outras pessoas, de forma que elas também pudessem assimilar isso.

Numa época em que não era permitido explicar a doutrina exatamente como Oyassama havia ensinado, os antecessores do caminho se esforçaram arduamente em buscar o ensinamento, colocá-lo em prática, e também transmiti-lo às outras pessoas. Quando analisamos a caminhada deles, hoje vivemos em um ambiente incomparavelmente mais rico e abundante. Assim, penso que devemos nos esforçar em aprender mais e mais a doutrina, assimilá-la, e viver de um modo baseado no ensinamento.

Em relação a enfermidades e problemas circunstanciais, tendemos a nos preocupar somente em curar as doenças e solucionar os problemas. No entanto, justamente nestes momentos é que conseguimos perceber o quão gratificantes são as dez providências divinas que recebemos no dia a dia, algo em que não paramos para pensar normalmente.

Quando nos é mostrado um nó através de uma enfermidade ou um problema circunstancial, pode ser que apenas uma ínfima parte dessas providências não esteja funcionando bem, mas para a pessoa atingida, esse pequeno mau funcionamento significa um grande sofrimento. Dizem frequentemente que somente quando adoecemos é que finalmente compreendemos o quanto é gratificante ter saúde. No entanto, através dessa anormalidade, devemos não somente agradecer pelas grandiosas providências divinas recebidas no cotidiano, mas também refletir sobre a intenção divina contida nesse nó e fazer a reforma do espírito. Isso é o mais gratificante de tudo.

Um fato gratificante de estar seguindo a fé deste Caminho é conhecer estas grandes providências que recebemos no dia a dia, e trilhar todos os dias com o sentimento de gratidão. Não devemos apenas sentir contentamento pelas coisas transcorrerem sem problemas. O fato de não haver nenhuma preocupação não é porque não há nada, mas sim, porque sabemos que estamos sendo vivificados e vivendo neste mundo repleto de providências divinas. Mesmo que nos seja mostrado um nó através de uma doença ou dificuldade, seremos capazes de agradecer renovadamente por estarmos sendo conduzidos são e salvos no cotidiano diário, refletir e interpretar o significado do aviso que nos é mostrado através do nó, e corrigir a nossa postura espiritual. Fazendo isso repetidas vezes, conseguiremos mudar o nosso destino, modificar a nossa própria predestinação e nos aproximar da vida plena de alegria e felicidade.

Ainda, mesmo que não tenha nenhum problema, tal como é explanado que “ver é predestinação, ouvir também é predestinação” e “o mundo é espelho”, devemos interpretar as enfermidades e os problemas circunstanciais que são mostrados à nossa volta como algo nosso e, tendo isso como um sinal, refletir sobre a maneira como temos trilhado nossa vida. Além disso, não devemos fazer disso apenas um sinal. É ensinado o caminho em que, através da salvação das pessoas doentes e das que estão sofrendo por algum problema circunstancial, poderemos sentir uma alegria ainda maior e receber virtudes.

As pessoas da sociedade consideram as providências divinas algo óbvio e natural, mas se sabemos o quão gratificante é recebê-las no dia a dia, mesmo quando nos defrontamos com um nó, não ficamos apenas lamentando, achando penoso e complicado. Interpretando aí a indicação proveniente do amor parental, para nós, que conseguimos fazer germinar um broto desse nó, todos os dias são dias de alegria e gratidão. Esse espírito de gratidão refletido espontaneamente em atitudes é o que chamamos de hinokishin.

As ações de hinokishin assumem diferentes formas, mas todas as atitudes que se originam do sentimento de gratidão a Deus-Parens, sem exceção, são considerados hinokishin. Se pensarmos que as providências de Deus-Parens não cessam jamais, nem por um segundo, o nosso sentimento de gratidão e o hinokishin também devem ser constantes e diários.

Fazendo uma referência da história do Caminho, pode-se dizer que o local do Serviço de 1864 foi a primeira obra construída através do hinokishin. Quando o mestre Izo Iburi, em agradecimento pela salvação da esposa que teve complicações pós-parto, se ofereceu para construir e doar algo, talvez um sacrário, Oyassama explanou: “Não necessito de sacrário, mas comecem uma obra mesmo pequena”. Foi uma obra iniciada após receberem estas palavras.

Falando em agradecimento pela salvação, de acordo com o livro “Episódios da Vida de Oyassama”, quando as pessoas salvas de alguma doença grave ou difícil perguntavam o que poderiam fazer para retribuir, Oyassama as orientava para que salvassem outras pessoas. Nesse sentido, a divulgação, a salvação e o hinokishin feitos com o sentimento de gratidão, de desejar retribuir pelas providências divinas, todos estão relacionados.

A gratidão é um sentimento espontâneo. É um sentimento que flui espontaneamente da alegria por receber a proteção divina. À medida que as gerações dentro da fé vão se acumulando, cresce o número de pessoas que não conhecem o sentimento da primeira geração, daquela que teve salva a vida já sem esperança.

Entretanto, penso que não se pode esquecer que é graças ao fato do pioneiro da fé de cada um ter sido salvo é que hoje estamos aqui. Além disso, graças ao acúmulo de gerações na fé é que entendemos o quanto são gratificantes as providências divinas e nos contentamos com isso, algo que a grande maioria da sociedade não consegue notar e considera óbvio. Não podemos esquecer essa dívida de gratidão.

Existem as pessoas que trilham sempre contentes e agradecendo pelas Dez Providências, e as pessoas que, sem saber disso, consideram tudo óbvio e olham somente para os pontos que estão faltando, vivendo insatisfeitas e descontentes. Analisando isso a longo prazo, acredito que entre elas surgirá uma grande diferença na forma como serão aceitas por Deus-Parens. Mesmo analisando sob esse aspecto, tenho a impressão de que nós ainda não conseguimos sentir as providências realmente como providências da forma como deveríamos, não estamos conseguindo corresponder à proteção divina.

Assim, gostaria de me empenhar ao hinokishin como algo mais rotineiro no dia a dia. Mesmo que seja alguma coisa modesta, ao se empenhar no hinokishin constantemente no dia a dia, creio que surgirá espontaneamente o espírito animado, assimilando e exalando uma boa fragrância, condizente a uma pessoa do Caminho.

Por mais que demonstremos a gratidão pelas grandiosas providências divinas recebidas dia a dia, isso nunca será plenamente suficiente. Essa alegria é expressa através do ânimo no hinokishin, que devemos direcioná-la à divulgação e à salvação, no intuito de satisfazer o pensamento do Parens.

Neste dia original da revelação divina, que marca o início da Tenrikyo, relembrando a origem da fé desta religião, gostaria aqui, juntamente com todos, de assumir o compromisso de caminhar no sentido de corresponder à intenção divina renovadamente a partir de amanhã.