Os meus sinceros agradecimentos a todos que, sem se importarem com a distância, vieram em grande número para fazerem a reverência na Grande Cerimônia de Outubro, onde acabamos de realizar juntamente o Serviço Sagrado com toda alegria e animação. Ainda, manifesto de coração os meus agradecimentos por estarem se dedicando fervorosamente no dia a dia, cada qual em sua posição, na divulgação e salvação e também na missão do Caminho.
A partir de agora, farei a palestra da Grande Cerimônia e gostaria de contar com a atenção de todos por alguns instantes.
A grande Cerimônia deste mês é celebrada tendo como origem o dia 26 de outubro de 1838, quando Deus-Parens, que criou este mundo e os seres humanos, que concede a vida e a sua providência a todos os seres vivos, tomando Oyassama, Sra. Miki Nakayama, como seu sacrário, revelou-se neste mundo para salvar toda a humanidade.
Recebendo essa razão, realizamos a grande Cerimônia de outubro nesta data permitida à Sede Missionária.
Este Caminho em que todos nós cremos é o ensinamento que foi revelado para a salvação de todo o mundo. Foi-nos ensinado que a intenção de Deus-Parens no momento da criação original era de “criar os seres humanos e compartilhar de sua alegria, vendo-os viverem a vida plena de alegria”. Desde a criação original, Deus-Parens veio criando os filhos por longo tempo com inalterado amor parental. Apesar disso, por não conhecerem a intenção divina, os seres humanos vieram vivendo com espírito egoísta, pensando que se tudo estivesse bem consigo mesmo, nada importava o que acontecesse com os outros. Sentindo compaixão pelos seres humanos que viviam num mundo em que os conflitos não tinham fim, com a chegada do tempo predeterminado, revelou-se ao mundo tomando Oyassama como seu sacrário e iniciou o derradeiro ensinamento para a salvação de toda a humanidade. Isto ocorreu há 174 anos, no dia 26 de outubro de 1838.
Depois disso, Oyassama, devido ao seu amor materno de querer salvar os seres humanos de todo o mundo, passou alegre e animadamente pelas mais variadas dificuldades e sacrifícios, e por longos 50 anos, dos 41 aos 90 anos de idade, demonstrou na prática o “Caminho da Vida-Modelo” para a salvação da humanidade. E ainda, por apressar a salvação de todas as pessoas do mundo, ocultou o seu corpo em 26 de janeiro de 1887. Entretanto, o espírito (a alma) de Oyassama permanece ainda hoje vivo na Residência original, orientando os filhos com ilimitado amor materno e concedendo a sua providência.
Oyassama se tornou sacrário de Tsukihi, e a primeira instrução de Deus-Parens foi: “Desçam completamente à pobreza.” “Se não descer à pobreza, não entenderá o espírito daqueles que sofrem por dificuldades”. Assim, passou a distribuir aos necessitados desde os dotes trazidos por ocasião do casamento, como as próprias roupas e bens, até os mantimentos, as roupas e o dinheiro da família Nakayama. Caindo voluntariamente à pobreza para salvar o mundo, Oyassama demonstrou que a felicidade humana não depende de dinheiro ou bens materiais, posição social ou cargo honorífico, linhagem familiar ou formalidade. Demonstrou, na prática, que dependendo unicamente do espírito de cada um, pode-se avançar à vida plena de alegria. Ensinou que esquecendo-se da ambição, abandonando o apego e desfazendo-se das coisas materiais, nasce uma alegria no espírito. Assim, ensinou, primeiramente, a disposição espiritual, a forma de usar o espírito e o corpo para que se possa desfrutar a vida plena de alegria.
No capítulo III, da Minuta da Vida de Oyassama, temos que:
“Mostrou o caminho da salvação através da vida-modelo, trilhando-o pessoalmente, em razão do desejo parental de salvar toda a humanidade. Assim, ensinou que, abandonando o apego pelas coisas materiais dando-as aos outros, nascerá a alegria no espírito e o caminho para a vida plena de alegria se abrirá naturalmente.”
Shimbashira II explicou que: “Necessariamente, a pobreza em si não foi o objetivo. O objetivo era abandonar o apego pelas coisas e esquecer a ambição para ter a vida plena de alegria e felicidade. Havia esse objetivo.” Oyassama instruiu primeiramente através das doações das coisas o ponto mais importante para se ter a vida plena de alegria e felicidade.
As pessoas ricas ficam apegadas ao dinheiro, as inteligentes ficam apegadas a sua capacidade intelectual e as mulheres belas, pelo apego a sua beleza, não saindo com aparência indecente. Porém, enquanto ficar apegado a alguma coisa, não será concedida a próxima coisa. Ao mesmo tempo, penso que diminuirá a alegria e não poderá ter a vida plena de alegria e felicidade. Por exemplo, num dia quente de verão, estou escrevendo apressadamente um texto da palestra. Não posso largar a mão direita. Começa a pingar o suor. Com a mão esquerda, pego a toalha para limpar o suor. Como estou escrevendo o texto há muito tempo, a garganta começa a secar. Quero tomar água. Como estou escrevendo o texto apressadamente não posso largar a caneta da mão direita. Mas, como continua pingando o suor, se não largar a toalha da mão esquerda, não poderei tomar água. Se largar a toalha, posso pegar o copo para beber a água. Também, como quero um vento fresco, se largar o copo, posso pegar o abanador para levantar o vento fresco. Se ficar apegado sempre à caneta, toalha e copo, não será concedida a próxima coisa. Ao largar, abandonar o apego, será concedida a próxima coisa. Será concedida também a alegria.
Após tornar-se sacrário de Tsukihi, seguiu desfazendo-se dos bens e, 15 anos depois, com o retornamento do marido Zembee, a residência principal, que era o símbolo da família Nakayama, foi demolida e vendida, sendo todos os bens doados às pessoas necessitadas. Depois disso, durante 10 anos, juntamente com Shuji e Kokan, viveu na mais severa penúria a ponto de se dizer que nessa época, nem um rato se aproximou da casa. 25 anos depois da revelação divina, demonstrou sua maravilhosa providência no parto, que era considerado um pesado encargo da mulher. Não se restringindo somente ao parto, uma após outra, foram surgindo pessoas que receberam a extraordinária providência sobre as mais diversas doenças e, dentre essas pessoas que foram salvas por Oyassama, começaram a surgir aqueles que criam que o ensinamento dela era realmente o ensinamento do verdadeiro Deus, e passaram a seguir essa fé. Para essas pessoas, Oyassama, durante 17 anos, ensinou gradativamente o Serviço como o fundamento do caminho da dedicação sincera à salvação, que reformará este mundo para o de vida plena de alegria desejado por Deus-Parens. Entretanto, o ensinamento transmitido por Oyassama não era compreendido pela camada de governantes da sociedade, não recebendo reconhecimento oficial por parte do governo. De todo o país, pessoas que foram salvas de doenças e problemas circunstanciais por Oyassama passaram a segui-la considerando-a uma deusa viva, mas as autoridades policiais, não permitindo isso, levaram-na presa por 17 ou 18 vezes.
Quando executavam o Serviço ensinado por Oyassama, havia a repressão policial que levava a já idosa Oyassama para a delegacia ou para a prisão. No rigoroso inverno de fevereiro de 1886, Oyassama, já na avançada idade de 89 anos, passou pelo sacrifício de ficar 12 dias presa na delegacia de Itinomoto. Creio que o primeiro Shimbashira, que acompanhou Oyassama no sacrifício dessa oportunidade, deve ter prometido para si mesmo que não a deixaria passar por tal sacrifício outra vez. Desde 49 dias antes de Oyassama ocultar-se fisicamente, tendo como base a condição física dela, era instada a execução do Serviço. No entanto, temendo a rigorosa opressão policial, era difícil para as pessoas executarem o Serviço. Os mestres que viviam junto a Oyassama sabiam plenamente sobre a importância do Serviço, mas posso fazer ideia do quanto eles sofreram na dúvida entre o espírito que queria corresponder às palavras de Oyassama e o temor de causar incômodo à saúde dela devido à opressão policial.
A partir do meio-dia do dia 26 de janeiro de 1887, o estado de saúde de Oyassama tornou-se crítico e por isso, as pessoas que a assistiam de perto determinaram firmemente o espírito. O primeiro Shimbashira intimou: “que fiquem para executar o Serviço somente aqueles com o espírito decidido a suportar qualquer intervenção policial e disposto a sacrificar a própria vida ao desempenhá-lo”. Preparados para serem presos, determinaram firmemente o espírito e, a partir da uma hora da tarde, começaram a desempenhar o Serviço de Kagura e a Dança das Mãos em plena luz do dia, sem hesitação. No Serviço desta oportunidade, participaram 13 homens e três mulheres, num total de 16 pessoas. Os instrumentos musicais tocados foram apenas o Koto, Shamissen e Kotsuzumi. Comparado aos dias de hoje, no que se refere à forma, não se pode dizer que era plenamente satisfatório, mas na “Minuta de Vida de Oyassama”, está descrito que “Oyassama ... ouvia satisfeita o som alegre dos instrumentos musicais.” Creio que isso quer dizer que Oyassama aceitou a sinceridade das pessoas que executaram seriamente o Serviço, com a disposição de sacrificarem a própria vida se fosse preciso. Ainda, o Serviço, que era até então executado de madrugada com os portões fechados, desta vez foi executado abertamente, em plena luz do dia, com o acompanhamento dos instrumentos musicais, desempenhando completamente o Serviço de Kagura e a Dança das Mãos. Além disso, estranhamente, nesse dia não houve nenhuma intervenção policial.
Nos dias de hoje, ninguém é preso em nenhum lugar do mundo por ter executado o Serviço. Se pensarmos em executar o Serviço conforme ensinado por Oyassama, podemos executá-lo com todos os instrumentos musicais completos. No que se refere à forma, podemos executar com mais pessoas do que naquela época, conforme ensinado por Oyassama, mas no que se refere à disposição espiritual, será que estamos satisfazendo Oyassama? Creio que todos nós devemos refletir a respeito disso.
Será que estamos executando a cerimônia mensal, ou a grande cerimônia, permitida a ser executada uma vez por mês em cada igreja com espírito de devoção única a Deus, totalmente apoiados em Deus-Parens?
Mesmo executando os 12 hinos, creio que entre os executantes haja alguém que esteja pensando insatisfeito: “Ah, que longo!” “Que dor na perna!” “Nesse calor, me fazem colocar uma roupa dessas...”
O mais importante é que se execute o Serviço seriamente, com a consciência de que através da sua execução, ora-se “pela felicidade, pela paz e pela prosperidade de todo o mundo”.
Tendo em vista os 130 anos do ocultamento físico de Oyassama, todos nós devemos nos esforçar para que o Serviço mensal permitido por Jiba e realizado em todas as igrejas seja executado com o pessoal e os instrumentos completos, de modo a contentar e a ser aceito por Oyassama. As pessoas escaladas na Dança das Mãos devem desempenhar sem errar os movimentos, com a razão do ensinamento estabelecida no espírito. Os cantores devem cantar alegremente, afinados com o som do Fue, de modo que todas as pessoas possam cantar animadamente juntos. As pessoas escaladas nos instrumentos musicais devem tocá-los sem ver o livro, com espírito de união espiritual e de modo a manter a harmonia entre os nove instrumentos musicais. Desta forma, creio que é importante que todos almejem a evolução espiritual.
Tendo em vista a cerimônia decenária de Oyassama, falei sobre o aprimoramento do “Serviço”, mas gostaria de falar agora sobre o esforço que todos nós, que seguimos esta fé, devemos fazer para evoluir espiritualmente e agir de modo a corresponder ao espírito de Oyassama.
Existem vários mestres veteranos que passaram a vida toda tendo os ensinamentos de Oyassama como guia do espírito, mas dentre eles, a pessoa que serve de melhor modelo para todos nós, yobokus e seguidores, é o mestre Izo Iburi. Há 148 anos, em maio de 1864, quando tinha 31 anos de idade, iniciou-se na fé depois de ter a esposa Ossato salva de complicações pós-parto. Até o seu retornamento, aos 75 anos de idade, ele sempre contava às pessoas ao redor que "teve a vida já sem esperança de Ossato salva por Oyassama", e sempre expressava o seu agradecimento em retribuição à graça recebida de Oyassama.
O mestre Iburi recebeu diversas orientações diretamente de Oyassama, mas nos Episódios da Vida de Oyassama, temos registrado: “Certa vez, Oyassama, dirigindo-se a Izô Iburi, disse: ‘Izô, abra a mão.’ Ele fez como lhe foi dito. Ela pegou três grãos de arroz em casca e pôs-lhe na mão um a um dizendo: ‘Este é levantar cedo, este é honestidade e este é trabalho.’ E continuou: ‘Deve segurar firmemente estes três e agir de modo que não os perca.’ Izô passou toda a sua vida cumprindo esse ensinamento.”
O mestre Iburi passou toda a sua vida cumprindo e praticando estas palavras de Oyassama. Pode-se dizer que acordar cedo é a semente da saúde, honestidade é a semente das relações humanas e trabalhar é a semente da vida cotidiana, mas também se pode dizer que são as três sementes para desfrutar a vida plena de alegria, são a base da vida religiosa para acumularmos virtudes.
Relacionado a esse episódio, Oyassama faz a seguinte explanação a Yoshie, filha mais velha do mestre Iburi: “Levantar cedo, ser honesto e trabalhador. Há uma grande diferença de mérito entre ser acordado e acordar os outros de manhã. Trabalhar e falar bem dos outros sem ser notado é honestidade. A pessoa que não pratica isto mesmo sabendo torna-se uma mentira. Trabalhar um pouco mais após ter trabalhado, não é ambição, é o verdadeiro trabalho.”
Sobre acordar cedo, Oyassama disse que existe uma grande diferença de mérito entre acordar os outros e ser acordado pelos outros. Trabalhar bem sem ser notado e elogiar os outros é honestidade e isso se torna um mérito. O contrário se torna um demérito. Ainda, disse que ouvir as explanações de Deus e não praticar também é um demérito, e isso se torna uma mentira. Orientou que ao ouvir e colocar em prática, naturalmente o mérito vai sendo incorporado.
No mundo, existem muitas pessoas que pensam que não podem ser felizes por não terem dinheiro e nem bens materiais. No entanto, se não tiver virtudes, por mais que ganhem dinheiro, pode ser que seja roubado ou perdido, ou pode ser que tenha que usá-lo todo em doenças ou problemas circunstanciais.
Como se trata do Deus-Parens que criou o mundo e os seres humanos, todas as pessoas do mundo são seus queridos filhos e o seu amor parental é unicamente no sentido de fazê-los viver a vida plena de alegria e felicidade. Creio que o seu desejo parental não é de salvar e proteger apenas os seguidores da Tenrikyo, mas sim, todas as pessoas do mundo.
É exatamente como a chuva que cai do céu, ou seja, onde quer que vivamos, a chuva cai igualmente em todos os lugares. Ao deixarmos um copo como o de tomar água, um balde como o de fazer a limpeza e um tambor como o de óleo em um lugar plano fora de casa, um ao lado do outro, se chover forte durante meio dia, todas as três vasilhas estarão cheias de água da chuva. Tanto o copo, quanto o balde como o tambor estarão com água até a mesma altura. Entretanto, se formos verificar qual deles tem a maior quantidade de água, será no tambor que tem a boca mais larga.
Por exemplo, se uma pessoa que só tem a virtude do tamanho de um copo receber de Deus-Parens a virtude da saúde, como o copo é pequeno, só com isso ele já ficará cheio. Mesmo que receba de Deus-Parens outras virtudes como de dinheiro, de felicidade conjugal, de harmonia entre pais e filhos, de proteção contra desastres naturais como terremotos, furacões e inundações, e de proteção contra calamidades causadas pelo homem como acidentes de trânsito, roubos e golpes, como o copo já estará cheio, irá transbordar.
Ao contrário, se tivermos a virtude do tamanho de um tambor de óleo, mesmo que recebamos de Deus-Parens virtudes de saúde, de dinheiro, de felicidade conjugal e de proteção contra desastres naturais e calamidades causadas pelo homem, tudo poderá ser acumulado sem deixar transbordar.
Então, como fazer para acumular essas virtudes? É passar o dia a dia com alegria e espírito de gratidão a Deus-Parens; é não desperdiçar, dando o devido valor a todas as coisas; é fazer hinokishin esquecendo-se da ambição; é ajudando as pessoas que estão passando por dificuldades, preocupadas ou sofrendo. Através dessas atitudes se pode acumular virtudes.
Ainda, a dedicação filial aos pais é uma atitude aceita por Deus-Parens e podemos acumular enormes virtudes com isso.
Tendo em vista os 130 anos do ocultamento físico de Oyassama, vamos nos dedicar ao aperfeiçoamento do Serviço, vamos nos esforçar no sentido de executar o Serviço de modo a satisfazer Oyassama. Ainda, vamos praticar a vida plena de alegria, sentindo dia a dia a alegria e a emoção da fé, esforçando-nos para contentar Oyassama.
Muito obrigado pela atenção dispensada.