Tyotyo_2011.01

A grande cerimônia que acabamos de celebrar relembra o dia 26 de janeiro de 1887, quando Oyassama, como sacrário de Deus-Parens, seguindo a intenção divina, saiu para salvar o mundo abrindo o portal, ou seja, relembra o ocultamento físico de Oyassama. Em Jiba é realizada todos os anos, no dia 26 de janeiro, a Grande Cerimônia da Primavera. Recebendo essa razão, pudemos realizar a Grande Cerimônia de Janeiro no dia de hoje, data permitida para a Sede Missionária, Dendotyo.

Já se passaram 124 anos desde 1887. Creio que para nós, tenrikianos, o mais importante é que cada um trilhe o Caminho da fé animadamente, buscando seguir a imagem deixada por Oyassama, de modo a contentá-la e tranquilizá-la.

Bem, estamos no início do ano 174 desde a Revelação Divina. Gostaria de fazer uma reflexão sobre como nós devemos trilhar o Caminho durante este ano todo, tendo como base as palavras proferidas pelo Shimbashira na Grande Cerimônia de Outono, em 26 de outubro do ano passado.

O Shimbashira disse:

“A intenção de Deus-Parens é salvar as pessoas de todo o mundo, sem nenhuma exceção, e concretizar o mundo da vida plena de alegria e felicidade. Este foi o objetivo para o qual foi iniciada a Tenrikyo.

Assim, mesmo que o motivo do ingresso nesta fé tenha sido para solicitar a salvação de alguma angústia, alguma enfermidade ou algum problema circunstancial, pode-se dizer que, ao seguir este ensinamento, espera-se que a pessoa desenvolva, um pouco que seja, o espírito de desejar a salvação do próximo e se empenhe nessa prática visando a vida plena de alegria e felicidade e correspondendo à intenção divina.

Antigamente era dito ‘ingressar na fé, ou seja, fazer o missionamento’. Ouvimos que muitas pessoas engajavam-se no missionamento logo após concluir o seminário Bekka, amparando-se somente na doutrina das dez providências divinas e das oito poeiras. Aí existia a emoção por terem sido salvos de doenças e problemas circunstanciais e desejar retribuir de alguma forma. Tenho a certeza de elas possuíam a convicção de que o ensinamento da Tenrikyo era maravilhoso e de que a fé neste Caminho era gratificante. Embora a realidade da época fosse diferente da de hoje, não podemos simplesmente considerar o ânimo dessas pessoas como uma história do passado.”

A intenção de Deus-Parens, que criou o ser humano e o mundo então inexistentes, é de salvar, sem exceção, todas as pessoas do mundo. E este é o ensinamento iniciado com o objetivo de concretizar a vida plena de alegria e felicidade no mundo. Para isso, é necessário que o ensinamento de Oyassama seja transmitido a todo o mundo.

No intuito de fazer com que o ensinamento de Oyassama seja transmitido a todos os cantos do Brasil, todos nós, a cada decenário de Oyassama, a cada cerimônia comemorativa da fundação do Dendotyo,

Desenvolvemos ativamente as atividades de missionamento durante os “três anos, mil dias”. A Associação dos Moços, com sua força jovem, tem feito caravanas de missionamento duas vezes por ano, divulgando e transmitindo o nome de Deus-Parens nos mais longínquos lugares do Brasil.

No entanto, se passaram apenas 80 anos deste o início do missionamento no Brasil e 60 anos desde a fundação da Sede Missionária, Dendotyo. Comparando com a longa história do mundo, pode-se dizer que apenas saímos do ponto de partida.

Acredito que o motivo do ingresso na fé da maioria das pessoas tenha sido pelo desejo de ser salvo de algum problema físico ou circunstancial. O ingresso na fé da minha família ocorreu há 149 anos, quando Oyassama salvou Kouemon Murata que, aos 40 anos de idade, sofria de um mal no estômago. Desde então, a fé neste Caminho segue na família sem interrupção até hoje e eu sou da quinta geração da fé.

Ainda, o Shimbashira disse:

“Em relação a enfermidades e problemas circunstanciais, tendemos a nos preocupar somente em curar as doenças e solucionar os problemas. No entanto, justamente nestes momentos é que conseguimos perceber o quão gratificantes são as dez providências divinas que recebemos no dia a dia, algo em que não paramos para pensar normalmente.

Quando nos é mostrado um nó através de uma enfermidade ou um problema circunstancial, pode ser que apenas uma ínfima parte dessas providências não esteja funcionando bem, mas para a pessoa atingida, esse pequeno mau funcionamento significa um grande sofrimento.”

Quando recebemos uma orientação através de uma doença ou um problema circunstancial, é importante renovar o sentimento de gratidão em relação às dez providências que recebemos dia a dia, estabelecendo no espírito o trabalho de Deus-Parens. Ainda, é importante refletir a respeito da intenção de Deus-Parens contida nas doenças e nos problemas circunstanciais e, também, reformar o espírito de modo a corresponder a essa intenção divina.

Para reformar o espírito, primeiramente é necessário refletir sobre o seu modo de agir até o presente. Como um guia para corrigir o uso espiritual após a reflexão, Deus-Parens nos ensinou as oito poeiras espirituais.

É importante reformar o espírito de modo a ser aceito por Deus-Parens e determiná-lo firmemente, mantendo-o constante. Ou seja, o importante é praticar os ensinamentos. É ensinado que acumulando anos nessa prática, será possível reformar o destino, ou seja, transformar as más predestinações em boas predestinações e, com isso, nos aproximar da vida plena de alegria e felicidade.

Temos nas Indicações Divinas:

“Quanto ao ser humano, o corpo é coisa emprestada por Deus ou tomada emprestada dele. Somente o espírito é seu bem” (1/6/1889).

Ainda:

“O que se chama o ser humano, o corpo é coisa tomada emprestada e somente o espírito é seu bem próprio. Surgirá diariamente qualquer razão, de apenas uma coisa, o espírito. Na aceitação de qualquer espécie de razão, compreendei a razão que se diz plena onipotência.” (22/2/1889)

Também:

“Não penseis onde está a onipotência. Digo que a onipotência está na existência constante da sinceridade no espírito de cada um.” (7/12/1888)

De acordo com essas Indicações, ser agraciado com a liberdade do uso do corpo ou lamentar devido a dificuldades e sofrimentos depende unicamente do uso espiritual. Assim, ensina que “somente o espírito é seu bem próprio” e dentre os usos espirituais, a o espírito de sinceridade é o que nos leva a receber a providência da plena onipotência.

Ainda nas Indicações Divinas temos:

“O que chama ser humano, o corpo, a coisa tomada emprestada e as oito poeiras, se compreender ao menos esta razão, compreenderá toda e qualquer coisa.” (4/7/1888)

“O corpo, a coisa tomada emprestada” significa que nosso corpo não algo próprio, mas sim, algo tomado emprestado de Deus-Parens. Todas as coisas neste mundo estão sob o controle de Deus-Parens e nós, seres humanos, somos vivificados, vivemos recebendo as dez providências divinas. Sobre as providências de Deus-Parens, é explicado de forma sistemática e facilmente compreensível nas “dez providências divinas”.

Como nos é dito que “somente o espírito é seu bem próprio”, receber ou não plenamente as dez providências divinas depende do uso espiritual de cada um. Os usos espirituais equivocados, que não estão de acordo com a intenção de Deus-Parens, são explicados de modo facilmente compreensível no ensinamento das “oito poeiras espirituais”.

Deus-Parens orienta que, se compreendermos “o corpo, a coisa tomada emprestada” e “as oito poeiras”, poderemos compreender qualquer coisa que seja.

Na explicação das dez providências divinas, para que ficasse sistemático e facilmente compreensível, foram utilizados dez nomes divinos. No entanto, não quer dizer que existam dez deuses. Apenas foram atribuídos nomes divinos aos pontos chave das ilimitadas providências de Deus-Parens, Tenri-Ô-no-Mikoto. Ainda, a base da razão das dez providências divinas está no conteúdo da história da criação original e também tem relação com a posição dos dez executantes do Serviço da Máscaras, executado ao redor de Jiba e do Kanrodai. As dez providências estão frente a frente, aos pares, de modo que farei uma breve explicação aos pares.

· Kunitokotati-no-mikoto – No céu é a Lua. Representa a providência divina dos olhos e umidade no corpo humano e da água no mundo.

· Omotari-no-mikoto – No céu é o Sol. Representa a providência divina da temperatura no corpo humano e do fogo no mundo.

A lua e o sol são os astros com os quais estamos mais familiarizados. Com a luz do sol durante o dia e a luz da lua durante a noite, o ser humano leva a sua vida. Hoje em dia, com a invenção da eletricidade, mesmo à noite podemos ter a mesma claridade do dia, mas antigamente, a claridade da lua era muito necessária. Ainda, tanto a lua como o sol são a base do calendário. Um mês se baseia num ciclo completo das fases da lua; um dia é a repetição do sol nascendo no leste e se pondo no oeste; um ano se completa quando a Terra dá uma volta em torno do sol. Tudo isso está bem presente em nossa vida diária.

Os olhos são os órgãos com os quais sentimos a luz e enxergamos. Assim como se diz que “os olhos são a janela do espírito”, os olhos refletem bem o estado do espírito. A umidade significa água. O corpo humano retira os nutrientes e expele o que não é necessário através da água do corpo, ou seja, dos líquidos basicamente compostos pelo sangue. Por outro lado, a providência do calor mantém a temperatura do corpo em 36,5 graus e isso é muito importante. Tanto nos dias quentes como nos dias frios, o fato de podermos executar igualmente nossas atividades deve-se à manutenção da temperatura do nosso corpo. O fogo necessário para cozinhar, para iluminar, para aquecer, para gerar eletricidade, tudo é graças à providência do fogo. A razão da providência representada por esses dois nomes divinos são básicos e essenciais dentro das providências divinas.

· Kunissazuti-no-mikoto – Representa a providência divina do órgão genital feminino e da conexão da pele no corpo humano; e do dinheiro, das propostas matrimoniais e da conexão em geral no mundo.

· Tsukiyomi-no-mikoto – Representa a providência divina do órgão genital masculino e do esqueleto suportador no corpo humano; e do suporte das árvores e plantas, de todas as coisas no mundo.

Órgão genital feminino ou masculino são expressões bastante diretas, mas se não fosse pelo aparelho reprodutor masculino e feminino, não seria possível o nascimento de filhos e netos. Assim, é natural admitir que são os órgãos principais do ser humano. A conexão da pele representa a providência da pele na parte externa do corpo e das membranas mucosas na parte interna. No mundo, nos concede a providência do dinheiro, das propostas matrimoniais e da conexão em geral. O dinheiro é o meio pelo qual efetuamos trocas de mercadoria e faz o trabalho de ligar o ser humano às coisas materiais. A proposta matrimonial é a ligação entre um homem e uma mulher que devem se tornar um casal. Ainda, o esqueleto suportador é a evidência da evolução, do avanço e do desenvolvimento. O ser humano, diferentemente dos outros animais, tornou-se capaz de andar sobre as duas pernas e, usando as mãos, veio construindo a civilização existente atualmente. Kunissazuti e Tsukiyomi caracterizam-se pela comparação entre horizontal e vertical, ligação e suporte, cooperação e independência, passividade e atividade.

· Kumoyomi-no-mikoto – Representa a providência divina da entrada e saída de alimentos e líquidos no corpo humano, e da subida e descida da umidade no mundo.

· Kashikone-no-mikoto – Representa a providência divina da respiração no corpo humano, e do vento no mundo.

A “entrada de alimentos e líquidos” significa o meio pelo qual conseguimos a água, que é tão importante ao ser humano, e também significa a alimentação, que é a fonte de energia para manter nossa condição física e desenvolver nossas atividades. A “saída de alimentos e líquidos” significa as fezes, a urina e o suor. “Subida e descida da umidade” significa o ciclo da água, que evapora e sobe para a atmosfera, tornando-se nuvem. Esta, quando resfriada, desce em forma de chuva e neve.

A respiração é a troca de gases de nosso corpo. Quando inspiramos, enchemos nosso pulmão com ar fresco e oxigênio, e quando expiramos, expelimos os gases que não nos são necessários, como o gás carbônico. O vento é a movimentação da atmosfera. A estratosfera e a camada de ozônio protegem os seres humanos dos raios ultravioleta do sol.

· Taishokuten-no-mikoto – representa a assistência divina de cortar a conexão do bebê com o útero da mãe no nascimento e de cortar a respiração no retornamento. No mundo, a providência do corte em geral.

· Otonobe-no-mikoto – Representa a assistência divina de extrair a criança do útero da mãe no nascimento. No mundo, a providência da extração em geral.

Taishokuten e Otonobe têm uma relação tênue com as providências diárias dentro do corpo humano, mas são as providências do momento do nascimento. Taishokuten trabalha apenas duas vezes, no início e no final da vida, ou seja, no nascimento, quando se cortar o cordão umbilical, que é a ligação do bebê com o útero da mãe, e o bebê respira pela primeira vez com as suas próprias forças, e no retornamento, quando se corta a respiração. Otonobe dá a assistência de extrair o bebê do útero materno no momento do parto. Antigamente, quando a medicina ainda não era tão avançada, o parto era um pesado encargo para a mulher, que colocava a sua vida em risco. Ainda, Taishokuten representa a providência do corte em geral. Nos nós em que há a reforma do espírito, em que as situações são revertidas, o “corte” é algo imprescindível. No entanto, o corte não pode ser algo tão constante. Por isso, se refletirmos sobre o movimento das mãos de Taishokuten-no-Mikoto no Serviço das Máscaras, das 21 vezes, apenas nas três últimas é que faz o movimento de cortar. Otonobe concede a providência do desenvolvimento dos vegetais e da extração em geral. A extração inclui o desenvolvimento dos peixes e dos animais e também da evolução e desenvolvimento de todas as coisas.

· Izanagui-no-mikoto – O protótipo de homem, a função de semente.

· Izanami-no-mikoto – O protótipo de mulher, a função de viveiro.

As sementes são coisas a serem plantadas e as sementes plantadas na terra, recebendo a providência da água e do calor, germinam, crescem e proporcionam flores e frutos para colheita. Pode-se dizer que a semente é a origem disso. Ainda, no mundo animal, o macho e a fêmea, dois indivíduos independentes trabalham na fertilização para o nascimento de uma nova vida. Havendo a fertilização é que há o fruto. Esta é a razão da providência de Izanagui-no-Mikoto.

O viveiro é o local onde se plantam as sementes. Construindo primeiro um viveiro, as sementes são plantadas e cuidadas até que atinjam um certo tamanho, para depois serem transferidas para uma plantação. Para proteger as frágeis mudas de agentes externos e de mudanças do tempo é que se constroem os viveiros, que são mais fáceis de controlar. O ventre materno tem o papel de abrigar e dar condições para o desenvolvimento de um bebê. Creio que por isso é que se diz ser um viveiro. Esta é a razão da providência de Izanami-no-Mikoto.

A Tenrikyo é o ensinamento que guia todas as pessoas do mundo igualmente para a vida plena de alegria, e também o ensinamento que possibilita, para cada pessoa, a reforma da má predestinação em boa predestinação. Ainda, nós, que cremos neste Caminho, devemos nos dedicar à divulgação e à salvação de modo a reformar o destino das pessoas, para que todas possam viver a vida plena de alegria e felicidade.

Então, o que é necessário fazer para reformar o destino?

Nas Escrituras Divinas, Parte III, verso 45, temos:

“Esta salvação, não farei por meio de preces e evocações, nem através de consultas de oráculos.”

Como citado, esta não é uma fé que se baseia em preces e oráculos. Não é a graça conforme a solicitação, mas sim, a graça conforme o espírito. Por isso, é importante corrigir os usos espirituais e atitudes do dia a dia de modo a corresponder à intenção de Deus-Parens.

Conforme disse no início, o corpo humano é algo tomado emprestado de Deus-Parens e apenas o espírito é um bem próprio. É ensinado que tanto a saúde, como a paz familiar, o sucesso profissional, todas e quaisquer providências surgem a partir do uso espiritual de cada um. Ao reformar o caminho do espírito de modo que corresponda à intenção de Deus-Parens, todas as coisas que se relacionam consigo, tudo o que está ao seu redor se transformarão num bom destino.

Para reformar o espírito, deve-se refletir a respeito de suas atitudes até o presente. O que Oyassama ensinou como guia para corrigir as condutas espirituais erradas, após a reflexão, foi o ensinamento das “oito poeiras”. Ao seguir constante e firmemente com o espírito reformado e ao praticar boas ações, o destino se reforma e a má predestinação se transforma em boa predestinação.

Dentro das Escrituras Divinas, Oyassama ensinou:

“Observando o mundo por todas as épocas, não há em absoluto quem seja mau.” (I-52)

“Entre todos, não há o mau propriamente dito, mas, maculado por um pouco de poeira.” (I-53)

Ensina que não existe quem que seja mau, mas ocorre que tem um pouco de poeira apegada. Se interpretarmos a poeira como um pecado, fica a impressão de algo obscuro, pesado, que não pode ser limpo. No entanto, não se pode dizer que a poeira seja algo leve. Se limparmos todos os dias, ela não se acumulará, mas se pensarmos que é algo insignificante e deixarmos largado, sem refletir, se tornará algo que não se pode limpar facilmente.

Limpar as poeiras do espírito e purificá-lo é algo importante para compreender a intenção de Deus-Parens. Para que Deus-Parens possa trabalhar introduzido em nosso corpo, é algo imprescindível.

Então farei uma breve explicação a respeito das oito poeiras.

Primeiro, a "mesquinhez" é a atitude de relutar em ceder esforço espiritual ou físico. É o espírito que reluta em pagar impostos e contas, que falta com o devido esforço em prol da sociedade, em prol do Caminho ou em prol do próximo, que reluta em devolver algo que tomou emprestado, que deixa o serviço desagradável para os outros e busca a facilidade para si. Toda a atitude espiritual de mesquinhar bens materiais ou esforço físico que não corresponde à razão celeste é considerada poeira.

Mesquinhar esforço espiritual é relutar em ceder um mínimo de consideração ou preocupação para com o próximo, devido ao egoísmo. Mesquinhar esforço físico é relutar em fazer algo pelo próximo. Mesquinhar bens materiais é relutar em pagar impostos que devem naturalmente ser pagos.

Segundo, a "cobiça" é desejar dinheiro negligenciando a dedicação espiritual e sem trabalhar suficientemente. Querer vestir roupas boas ou comer coisas boas, não condizentes com a sua situação financeira, desejar sempre mais, qualquer coisa que seja, mesmo já tendo o suficiente, tudo isso é poeira. O importante é estabelecer o espírito de satisfação sincera em qualquer coisa que seja.

Por exemplo: trabalhar oito horas e cobrar pelas oito horas trabalhadas é correto, mas se trabalhar apenas cinco horas e desejar um pagamento de oito horas, isso se tornará poeira. Se jogar fora algo que ainda pode ser usado por muito tempo só porque seu modelo se tornou velho, e desejar obter um novo, isso se tornará poeira. A “satisfação sincera” é o estado do espírito plenamente satisfeito, que deve ser estabelecido com alegria no espírito, aceitando todas as coisas como excelentes e gratificantes.

A “cobiça” é o uso espiritual de desejar tudo aquilo que não possui e a “mesquinhez” é o uso espiritual de relutar em ceder aquilo que possui. São basicamente poeiras referentes aos bens materiais.

Terceiro, o “ódio” é interpretar mal e odiar as pessoas que lhe dão conselhos para o seu próprio bem. Familiares, como sogra e nora, se odiarem mutuamente, falar mal das pessoas pelas costas, insultando e ridicularizando; odiar as pessoas ao invés de odiar o crime ocorrido é considerado poeira.

Falar mal dos outros pelas costas é ensinado como a poeira do “ódio”. Ainda, sobre “odiar as pessoas ao invés de odiar o crime ocorrido”, Oyassama, antes de se tornar sacrário de Deus-Parens, diante de um ladrão de arroz, perdoou-o dizendo: “Deve ter feito levado pela pobreza. Lamento por esse espírito”. Essa atitude de Oyassama expressa o que seria “odiar o crime e não odiar as pessoas”.

Quarto, o “amor próprio” é pensar que se tudo estiver bem consigo, o que ocorre com os outros não importa, é deixar-se levar pelo amor aos próprios filhos e deixá-los ter preferências em relação a roupas e vestimentas, não os educando quando se deve educar. Não é correto deixá-los agir a seu bel prazer sem chamar-lhes a atenção sobre suas más atitudes. Ainda, é poeira falar mal dos outros pensando em seu próprio benefício. Se ama a si e aos seus filhos, deve amar da mesma forma aos outros e aos filhos dos outros.

Deve-se tomar cuidado, pois o “amor próprio” é uma poeira que se acumula facilmente, pensando que não está fazendo nada errado, e sim, que está fazendo a coisa correta. É um uso espiritual em que se incorre quando se perde no amor pelos próprios filhos. Deve-se educar quando necessário, chamar a atenção quando praticam más atitudes. É ensinado que deixar os filhos agirem ao seu bel prazer é a poeira do “amor próprio”. Existem pessoas que tem argumentos para quaisquer coisas que lhes sejam ditas. Como argumentam pensando no próprio bem, esse uso espiritual é considerado a poeira do “amor próprio”.

Quinto, o “rancor” é sentir ressentimento de alguém por acreditar que ela feriu seu sentimento diante dos outros ou por pensar que ela atrapalhou os seus anseios. Sentir rancor ou ressentimento dos outros por algo que lhe foi dito, sentir rancor sem pensar na falta de mérito, na falta de força ou inteligência de cada um é considerado poeira. Como temos nos Hinos Sagrados: “O sofrimento vem do próprio espírito, devem ter rancor de si mesmos”, ao invés de sentir rancor dos outros, deve ter rancor de si mesmo.

Na sociedade, são numerosas as pessoas descontentes e que vivem reclamando. Isso ocorre porque se colocam em cima do trono e acham que tudo é por culpa dos outros ou da sociedade. Se ficar apenas preso às coisas do passado, acabará destruindo até o destino que está por se abrir. Ainda, o dia a dia com rancor dos outros é extremamente estressante e fica-se mais propenso a adquirir doenças.

Sexto, a “raiva” é devida ao egoísmo, é porque o espírito não se purifica. É encolerizar-se dizendo que alguém falou mal de si ou que alguém fez algo contra si. Sente-se “raiva” porque se impõe a própria razão, sem deixar espaço para a razão dos outros. A partir de agora, não deve ter “raiva”, mas deve elevar a razão. A falta de paciência e o destempero emocional reduzem o próprio mérito e podem arruinar a própria vida.

Sente-se raiva porque se impõe o próprio pensamento, a própria posição, sem pensar no sentimento dos outros, sem se dispor a compreender o pensamento alheio. Ao se colocar na posição dos outros, ao tentar compreender o pensamento dos outros, pode ser que a raiva passe. É ensinado também que “a raiva é a razão do corte” e se sentir raiva, o sangue fica espesso, podendo causar infarto do coração ou infarto cerebral. Isto está provado cientificamente.

Sétimo, a "ambição" é o espírito ávido de querer ter mais que os outros, de tomar para si o quanto for possível, de desejar a fortuna repentina e o lucro injustificado. É ensinado que enganar a medida, ter lucro tapeando os outros, tomar para si ou roubar o que é dos outros, sem importar o que seja, é ambição profunda. Perder-se por sexo é avidez sexual.

Qualquer pessoa tem a ambição de ter mais que os outros. Verdadeiramente, “a ambição é um lamaçal sem fim”. O espírito de querer um pouco que seja a mais e melhor, de desviar o padrão, ou seja, enganar na qualidade e na matéria prima ou fugir da inspeção, de aplicar golpes, roubar ou perder-se por sexo, tudo isso é poeira. Não importando a posição social, é uma poeira fácil de acumular e difícil de se livrar.

Oitavo, o "orgulho" é ser presunçoso ou gabar-se mesmo não tendo capacidade, é utilizar o poder financeiro ou a posição social para subjugar e humilhar os outros. Além disso, há pessoas que dizem ser importantes ou superiores, subjugando os outros, procurando suas falhas ou fingindo saber aquilo que não sabem. Isto é a poeira do orgulho.

Esta é uma poeira acumulada com mais facilidade por pessoas mais inteligentes, mais afortunadas financeiramente, com melhor posição social, mas que é difícil de se dar conta. Ainda, há quem vive se vangloriando, mesmo sem ter capacidade, quem vive se mostrando. Rir do insucesso alheio ou ficar procurando as falhas dos outros é considerado a poeira do “orgulho”.

Assim, explanei rapidamente sobre as dez providências divinas e as oito poeiras. Vamos estabelecer bem esses ensinamentos em nosso espírito e trilhar animadamente o caminho da salvação e da divulgação este ano também.

Faltam apenas cinco meses para a cerimônia comemorativa de 60 anos de fundação do Dendotyo. Acredito que a finalização das atividades de “três anos, mil dias” seja celebrar essa cerimônia com a participação do maior número de filhos do caminho de todo o Brasil, com espírito único de alegria, recebendo a presença do Shimbashira e de sua esposa. Comparado ao regresso a Jiba, a reverência no Dendotyo não é tão difícil, mesmo em termos de tempo ou em termos financeiros. O Shimbashira virá especialmente para esse evento ao Brasil, em meio seus atarefados afazeres. Assim, solicito a todos os fiéis e Yobokus que não deixem passar essa oportunidade e façam a reverência convidando toda a família, parentes e amigos.

Assim encerro a minha palestra. Muito obrigado pela atenção.