Shimbashira_2011.01

Palavras do Shimbashira na Grande Cerimônia de Janeiro -26 de janeiro de 2011

O Serviço da Grande Cerimônia de Janeiro, realizado em 26 de janeiro, representa o dia em que Oyassama ocultou-se fisicamente.

Porém, a realização da Grande Cerimônia de Janeiro não tem o sentido de recordar ou prestar um tributo ao ente falecido, como é costume da sociedade. Tem o sentido de compreender profundamente a intenção do Parens contida no dia original, relembrar o sentimento dos precursores, refletir mais uma vez sobre a nossa conduta atual e, corrigindo o direcionamento do espírito, dar passos firmes para corresponder à vontade divina com o pensamento renovado.

No capítulo 10, “Abrindo o Portal”, da Minuta da Vida de Oyassama, está registrada detalhadamente a tensa situação vivida pela Residência até aquele dia. Gostaria de explanar sobre aquela situação de uma forma geral.

O início foi no dia 1º de janeiro de 1887, quando Oyassama saía do banho e cambaleou subitamente. Às pessoas próximas, que se preocuparam, Oyassama explanou: “Isto é o sinal de que o mundo vai se mover”. Nesse dia não houve nada de anormal, mas no dia 4 de janeiro, a saúde de Oyassama tornou-se repentinamente crítica e, consultando a vontade divina através de Izo Iburi, tiveram as rigorosas palavras a seguir:

“Já está suficientemente completo. Até este momento, tenho explicado a respeito de todas as coisas, mas não as têm compreendido claramente. Embora tenha explicado tanto, não há quem tenha compreendido. É lamentável. Estão desconfiados, mas reflitam bem. Se consideram mentira o que Deus diz, este caminho não teria continuado por 49 anos, até o presente. O que disse até agora tem sido realizado. Reflitam através disto. Devo retirar-me já, nestas condições? Devo ocultar-me?”

Apesar de Oyassama vir explanando sobre todas as coisas pessoalmente, e tudo estar se realizando conforme as suas palavras, mesmo aqueles que vêm seguindo este Caminho não creem do fundo do coração nas palavras ditas por ela. Pode-se sentir nessas palavras, contidas no início do primeiro volume do livro das Indicações Divinas, a impaciência de Oyassama.

Assustados com essas palavras, as pessoas próximas perceberam que era um erro ficar suspendendo a execução do Serviço tão instado sob a justificativa da opressão das autoridades. Assim, no meio da noite, mesmo às escondidas, com o portão e as portas fechadas, executaram diariamente o Serviço para solicitar o perdão.

Ainda, nas deliberações realizadas desde o dia 8 de janeiro até a manhã do dia seguinte, determinaram o espírito no sentido de “executá-lo suficientemente de acordo com o registro Kouki, dedicando dois décimos de suas atividades aos afazeres do mundo humano e oito décimos aos de Deus-Parens.” Essa determinação espiritual deve ter sido aceita, pois Oyassama ficou bem disposta e passou a proferir ternas palavras. No entanto, no dia 10 de janeiro, Oyassama sentiu-se indisposta novamente, de modo que consultaram “se deviam executar, também de dia, o Serviço que vinham realizando, até então, de noite.”

Dessa forma, a cada oscilação da saúde de Oyassama, as pessoas próximas discutiam, deliberavam e, desejando a restauração de sua saúde, procuravam proceder de modo a serem aceitos por Deus.

Apesar de estarem plenamente conscientes do pensamento de Oyassama, que instava a execução do Serviço, as pessoas não caminhavam nesse sentido devido ao receio da opressão policial. Assim, Oyassama instou a tomada de decisão, mesmo tendo que fazer sofrer o próprio corpo.

Em meio a isso, tiveram estas palavras: “Até o presente, tenho explicado qualquer coisa, tudo”, “Já não digo se devem fazer isto ou aquilo. Já não dou indicações para fazer isto ou aquilo. Depende do espírito de cada um”. Até então, vieram refletindo, deliberando e discutindo diligentemente com base nos ensinamentos e sob a luz da caminhada da vida-modelo, e trilharam o caminho da fé no sentido de corresponder à intenção do Parens totalmente dependentes de Oyassama em tudo. No entanto, creio que Deus os estava impelindo a se desprenderem desse modo de seguir com a fé.

Ao fim das deliberações e reflexões, na madrugada do dia 13 de janeiro, o Shimbashira I dirigiu-se à cabeceira de Oyassama para consultá-la.

Oyassama explanou: “se não entendem, explico. Ouçam firmemente”. O Shimbashira I disse: “Mas, para executá-lo, há circunstâncias difíceis”; “É difícil realizar o Serviço porque existem as leis”; e continuou: “Peço uma Indicação no sentido de que se possa sustentar ambos os caminhos, tanto o ordenado por Deus-Parens como o das leis do país”. O Shimbashira I fez a consulta revelando o sofrimento do íntimo do coração, mas Oyassama não orientou concretamente para que fizessem isso ou aquilo. Apenas orientou o básico, dizendo que desde 49 anos atrás, veio explanando e mostrando através da vida-modelo. Deveriam refletir a respeito do que ela veio ensinando desde a revelação divina e mostrando na caminhada da vida-modelo e, tomando isso como base, agir.

Em relação a isso, o Shimbashira I solicita um prazo “para treinar o Serviço todas as noites” e “para construir um local de treinamento”. No entanto, Oyassama, sem recuar, respondeu: “Não devem interromper simplesmente”; “Se digo, agora, é agora. Não deve haver nenhuma hesitação. Entenderam?”

Dentro disso, quando consultaram sobre os três princípios da história da criação humana, sobre os quais tinham maior preocupação, tiveram essas palavras:

“Por existir Tsukihi, existe este mundo; por existir o mundo, existe cada uma das coisas; por existir cada uma das coisas, existem os seus corpos; por existirem os seus corpos, existe a lei; embora exista a lei, a determinação espiritual é o mais importante.”

Citando a ordem da criação desse mundo, esclarece novamente que é importante que a determinação espiritual esteja plenamente de acordo com a vontade de Deus-Parens, que criou tudo o que há neste mundo. Assim, explana que não se deve errar nos critérios de reflexão e de decisão dos fatos.

Hoje, diferente daquela época, não há leis que impedem o Serviço, mas há muitas coisas que impedem a devoção única a Deus. Não se limitando ao Serviço, não é exagero dizer que cotidianamente existem situações em que a pessoa se deixa levar pelas cogitações humanas e fica prestes a se desviar do curso do caminho.

Será que não estamos causando impaciência e descontentamento a Oyassama? Em qualquer situação, penso que não devemos nos esquecer de refletir sobre a própria conduta. Estas palavras não são admoestações voltadas somente para as pessoas daquela época. Mesmo para nós, hoje, são pontos de reflexão que devemos levantar constantemente, encarando os acontecimentos de frente.

Após estas sérias reflexões, deliberações e consultas, Oyassama obtém uma pequena melhora. A partir de 18 de janeiro, todas as noites, foi executado o Serviço de Kagura e o Teodori solicitando a recuperação de sua saúde. Assim chegando a noite do dia 17 de fevereiro, ou seja, 25 de janeiro do calendário lunar, houve as seguintes palavras:

“Pisando, nivelarei a terra plenamente. Abrindo o portal, abrindo o portal, o nivelamento de todo o mundo. Começarei o nivelamento da terra. Nivelarei a terra abrindo o portal ou nivelarei, nivelarei a terra fechando o portal?”

Nivelar a terra significa deixar o terreno plano. Pelo tom das palavras “nivelarei” e “começarei o nivelamento”, podemos sentir que Oyassama sairia pessoalmente e que trabalharia positivamente percorrendo o mundo.

Na “Minuta da Vida de Oyassama”, temos em seguida: “Os seres humanos, aos olhos de Deus-Parens, são todos igualmente irmãos. Pela natureza da alma, não existe a mínima discriminação de alto e baixo, pois todos são iguais. O ponto de partida, para o mundo de vida plena de alegria, está na conversação mútua entre todos em condições de igualdade. Assim explicando, manifestou o desejo de nivelar o espírito de todas as pessoas (...)”. Significa que os seres humanos possuem, originalmente, almas iguais como filhos de Deus-Parens e, por isso, Deus deseja sanar a situação de discriminação entre alto e baixo, superior e inferior que existe atualmente. Para isso, deseja eliminar a noção de alto e baixo existente no espírito das pessoas.

O dia seguinte, dia 26 do calendário lunar, era o dia em que normalmente se executava o Serviço mensal.

Para as pessoas que hesitavam em executar o Serviço conforme era ensinado por temer a severa fiscalização das autoridades, apressou a execução do Serviço orientando severamente: “Já, agora, imediatamente, apresso-lhes para começá-lo depressa”; “Temem a lei, a lei, ou temem Deus?” Diante disso, todos vestiram várias roupas de baixo e várias meias, e executaram o Serviço cientes do risco de serem presos a qualquer momento. Esse Serviço pôde ser finalizado maravilhosamente, sem nenhum estorvo das autoridades.

As pessoas voltavam do Serviço triunfantes, certos de que Oyassama se recuperaria, mas se depararam com a inesperada notícia de que Oyassama se ocultara fisicamente.

Por que Oyassama, indo contra a solicitação de todos, ocultou-se fisicamente? Do ponto de vista humano, todos certamente pensaram que, por terem executado o Serviço completamente de acordo com a intenção divina, Oyassama se recuperaria e continuaria a orientá-los pessoalmente, como vinha ocorrendo até então.

Entretanto, o que Oyassama almejava era o espírito de devoção única a Deus, completamente condizente com a intenção divina, e a prática do Serviço, que é o princípio do caminho da dedicação única à salvação. Penso que, verificando e aceitando o Serviço executado por todos com o espírito de devoção única a Deus, não se importando com o que viesse a acontecer a si mesmos, Oyassama tranquilizou-se com a certeza de que o Serviço seria completado e ocultou-se fisicamente.

O que deveria ser ensinado já estava ensinado. O modelo também estava mostrado. Penso que a sua intenção, a partir de então, era de que todos refletissem e deliberassem com base nos seus ensinamentos e sob a luz vida-modelo, e avançassem animadamente no caminho da salvação mundial.

Partindo da situação de não executar o Serviço, mesmo que devido à opressão das autoridades, o processo de incentivar, através da enfermidade de Oyassama, a maturação espiritual das pessoas até encaminhá-las no sentido de executar o Serviço em plena luz do dia, foi feito através de instruções que finalizaram os 50 anos da vida-modelo. É possível extrair vários ensinamentos a partir daí, e penso que um deles é descobrir os meios e os modelos para instruir e educar os recursos humanos do Caminho.

Falando do lado de quem orienta e educa, primeiro deve-se ensinar corretamente o básico. Penso que isto é mostrar o modelo na prática. A partir daí, não se trata simplesmente de instruir tudo e todas as coisas, mas da importância de encaminhar as pessoas de modo que cada um reflita, se convença e assimile aquilo que foi ensinado. Em cima disso, deve-se pensar em como agir, em qual o caminho que corresponde à intenção divina. Isto certamente é incentivar a decisão própria, possibilitando agir sem que alguém lhe diga o que e como fazer. Para isso, também, é muito importante responder atenciosamente às dúvidas e incertezas, eliminando todas as preocupações.

Nesse processo, naturalmente haverá as tentativas, os erros e também os impasses. Nesses momentos, é necessária, até certo ponto, a postura de observar pacientemente à distância e, quando houver a tendência de desvio de rumo, não se deve deixar de orientar severamente para que mantenham a lógica e não se equivoquem na ordem das coisas, mostrando onde devem se apoiar.

Além disso, mais do que tudo, o que deve estar na base disso é o espírito incansável, que não mede esforços no desejo de que se tornem pessoas que trilhem seriamente o caminho e que se desenvolvam em yobokus capazes de salvar os próximos.

Ainda, penso que ensinou também que, quando os acontecimentos não se limitam aos problemas de uma só pessoa, é importante que todas as pessoas relacionadas deliberarem umas com as outras. Isto não significa apenas uma simples troca de opiniões, e sim, fazer várias deliberações para aproximar-se da intenção divina, questionando como se deve agir para ser aceito por Deus-Parens e Oyassama.

Invertendo as posições, do ponto de vista de quem está sendo educado, a disposição espiritual que se deve ter, de início, é de aprender firmemente o modelo, aquilo que está sendo ensinado. Ainda, creio que está sendo ensinada qual a atitude espiritual básica que devem ter as pessoas que estão voluntariamente buscando o seu desenvolvimento e a sua evolução espiritual.

Creio que a imagem de todos juntos se dedicando ao Serviço, superando os mais variados receios e conflitos, sem se importar com o que pudesse acontecer a si mesmos, nos ensina que o modo de instruir e de educar os recursos humanos do Caminho é orientar para que se dediquem com devoção única a Deus, ou seja, correspondendo completamente à intenção divina e deixando de lado todas as cogitações egoístas.

Diante do acontecimento totalmente inesperado, que foi o ocultamento físico de Oyassama, o que fez as pessoas, que somente se lamentavam de tristeza, se reanimarem foi a seguinte Indicação Divina:

“Fá-lo-ei uma terra nivelada, Todos, todos, estão completos, estão completos? Entendam bem, o que disse até agora deixei-o colocado na caixa da verdade. Porém, eis que Eu, Deus, por causa do meu amor por meus filhos, saí abrindo o portal encurtando 25 anos da vida que o Parens tinha ainda pela frente, e começo a salvar-lhes a partir de agora. Fiquem observando bem. Fiquem observando bem o que foi até agora e o que será doravante. (...) Até agora havia coisas que desejava dar a meus filhos. Porém, não pude dá-las devidamente. Ainda, ainda, doravante, as entregarei gradualmente. Deixem escutado bem.”

Explanou que, a partir daquele momento, tornaria o mundo sem altos nem baixos. Por amor aos queridos filhos, abrindo o portal, iniciaria a salvação percorrendo todo o mundo. Com esse intuito, daí em diante, concederia de forma ampla a Razão do Sazuke.

“Nivelar o mundo” é realmente uma grandiosa intenção de Deus.

Nas palavras do dia 13 de março de 1907, há o seguinte trecho:

“(...) Quanto a este terreno, a área sagrada, era um arrozal. Desde há 20 anos com prazer, Seki veio estimulando até hoje. (...) Nos fundos havia um bambuzal fechado, as moradias foram removidas e os bambuzais que vieram mantidos por muitas gerações foram limpos (...)”.

Imaginando a residência naquele ano de 1887, cercada de arrozais e de bambuzais, sentimos ainda mais profunda a intenção do Parens de nivelar a terra.

Para corresponder a essa intenção divina, os nossos antecessores avançaram com ímpeto na divulgação e na salvação e, sob a orientação da Oyassama eternamente viva, surgiram salvações maravilhosas em todas as partes. Assim, na década de 1890, a fronteira da divulgação se expandiu vigorosamente. Ainda, não podemos nos esquecer de que inúmeras pessoas, sucedendo a missão, dedicaram a sinceridade e serviram em prol do Caminho sob condições nada fáceis e, graças a elas, aos poucos, o formato como entidade religiosa foi se consolidando e foi se transformando no que é atualmente.

Hoje em dia, a começar pelo Recinto de Reverência, a dimensão da área sagrada e as inúmeras instalações existentes também se tornaram grandes e magníficas, não se comparando ao que havia antigamente. Ainda, somado à publicação dos três textos originais e à edição dos livros doutrinários, procuramos também aprimorar as instituições de doutrinação e de educação. Além de expressar a gratidão aos antecessores do Caminho, valorizando plenamente os seus sacrifícios, gostaria de trabalhar por um desenvolvimento ainda maior, dando continuidade ao espírito aí embutido.

Para avançar com o grande empreendimento que é o nivelamento do mundo, é preciso fazer com que o ensinamento de Oyassama atinja todas as localidades do mundo. Para isso, precisamos aumentar ainda mais o número de pessoas que coloquem em prática, transmitam e difundam o ensinamento. Não devemos apenas nos contentar com o fato de o Caminho ter se tornado excelente, comparado com o passado. É essencial trabalharmos com o sentimento firme e conscientes de que o caminho da salvação mundial está apenas começando.

O mundo nivelado a que Deus-Parens se refere, não é simplesmente uma sociedade sem desigualdade ou injustiça. Baseado na verdade fundamental de que todos somos irmãos, de que todas as pessoas são igualmente seus filhos, Deus-Parens deseja o mundo da vida plena de alegria e felicidade em que todos vivam salvando-se mutuamente em harmonia, alegres e cheios de energia.

Nesse sentido, além de nivelar os altos montes e o fundo dos vales, creio que o maior problema é resolver algo que se pode dizer uma premissa, ou seja, a situação atual de enfraquecimento dos laços entre as pessoas. Quando penso que relacionamentos sociais atuais se encontram ameaçados, não apenas a relação com a vizinhança, mas até os laços familiares, aqueles com os quais deveríamos ter mais confiança e salvar-se mutuamente, me vêm à mente as seguintes palavras:

Doravante, se todos do mundo, igualmente,

se salvarem mutuamente em todas as coisas, (Ofu. XII-93)

Saibam que Tsukihi aceitará esse espírito,

e fará toda e qualquer salvação. (Ofu. XII-94)

Assim, procurando corresponder à intenção de Deus-Parens, que deseja um mundo onde as pessoas se salvem mutuamente em toda e qualquer coisa, não consigo deixar de pensar na magnitude da responsabilidade do yoboku, que é de expandir o mundo da vida plena de alegria e felicidade e de aumentar o círculo de salvação mútua ao seu redor, transmitindo amplamente às pessoas, a começar pelos familiares e pessoas próximas, que estamos unidos pelo fato de sermos, todos do mundo, igualmente irmãos.

No dia de hoje, além de renovar o compromisso de procurar corresponder à intenção divina de nivelar o mundo, absorvendo o pensamento do Parens condensado na data de hoje e gravando isso mais uma vez no coração, solicito a todos que se empenhem animadamente durante mais este ano, procurando agir de modo a serem aceitos por Oyassama.