Shimbashira_2008.10

Palestra na Grande Cerimônia da Reveleção Divina - 26.outubro.2008

Neste ensejo da celebração do Grande Festa de Outono, antes de tudo, relembrando do dia original da Revelação Divina, devemos dispor o espírito em reconfirmar o motivo para que se iniciou este caminho. Regravando no coração a intenção do Parens e a vida-modelo de Oyassama, reacertar a disposição espiritual e o modo de dedicar-se como um yoboku e renovar o espírito para encetar novos passos para a realização do mundo pleno alegria.

Para que se iniciou este caminho? Logicamente, assim como está mencionado na declaração da Revelação Divina, é para "salvar toda a humanidade" Elevar salvando dos sofrimentos físicos e das aflições circunstanciais todas as pessoas e conduzi-las à vida plena alegria que é a intenção do princípio original. Para tanto, diz desejar que espanemos as poeiras espirituais que são a causa real dos sofrimentos e aflições surgidas em diversas formas e reformemos o espírito de se ao menos eu estiver bem para o de salvar os outros. E o que ensinou como fundamento desta dedicação única à salvação, foi o Serviço (religioso). Ainda, o que foi demonstrado pessoalmente pela Oyassama como exemplo para um yoboku seguir foi o caminho da vida-modelo.

“Eu sou o Deus original, o Deus verdadeiro. Nesta casa há uma predestinação. Desta vez, revelei-me neste mundo para salvar toda a humanidade. Desejo ter Miki como meu Sacrário.”

Foi a primeira voz proferida a nós, humanos, por Deus-Parens. Ocorreu durante a prece invocatória pela cura do incômodo doloroso da perna de Shuji que vinha repetindo desde o ano anterior.

Zembee rejeitou com todas as alegações possíveis, mas Deus resoluto não cedeu e, após três dias e noites de diálogo, tornando-se periclitante a vida de Oyassama e, afinal, abandonando as conveniências pessoais e familiais, respondeu: "Concedo-vos Miki." Eram oito horas da manhã de 26 de outubro de 1838. Então, a Oyassama ficou estabelecida como o Sacrário de Deus. É o dia original marcante da Revelação Divina.

Desceu um Deus que nunca tinham ouvido e, além disso, numa dona de casa de lavradores, sem saber o que iria pregar e que iria realizar, vindo a dizer que desejava ter Miki como seu Sacrário, devem ter surpreendido Zembee e demais pessoas.

Na Minuta da Vida de Oyassama, há:

"Até mesmo Itibee, veterano de muitos anos com larga experiência nesse particular, ficou inteiramente sem saber o que fazer quando ouviu a voz de um Deus inesperado e desconhecido pela boca de Miki."

Pode ser que Itibee tenha-se arrependido de aplicar Oyassama como substituta da receptora habitual. Porém, deve-se à predestinação da alma da Oyassama e, conforme a razão do tempo predeterminado e oportuno, ao fato de haver uma intenção profunda de Deus-Parens.

E sinto que, através desses três dias de diálogo, já estava claro que Deus-Parens era absolutamente diferente dos deuses conhecidos até então.

Bem, este caminho é:

Esta salvação, não farei por preces e evocações,

nem através de consultas de oráculos. (Of. III-45)

Deste lugar, faço explicações de todas as coisas.

Com devoção única a Deus, do íntimo do coração, (Of. III-46)

Reflitam do íntimo do coração para entenderem.

Salvando os outros, estará salvando a si mesmo. (Of. III-47)

De conformidade com o que está afirmado, não é fé que solicita graça fazendo preces e evocações.

É o Ensinamento em que se explicou o fundamento de todas as coisas e pode ser salvo ao passar refletindo de acordo com a intenção de Deus. Eis o ponto que difere muito da fé que se rogam as graças para si e a sua família. É o Ensinamento que se deve ao Parens de toda a humanidade que "deseja salvar o mundo em geral".

O começo do caminho da vida-modelo foi a caminhada para cair no fundo da pobreza. A Oyassama distribuiu aos necessitados os alimentos, as vestes e os recursos pecuniários. Enfim, chegou até a dizer: "Desfaçam desta mansão". Com isso, como deve ter conturbado os familiares e os parentes! Especialmente, não é demais imaginar os tormentos que teve Zembee. Na Minuta da Vida de Oyassama, há que, um dia, sentada diante do altar de Buda, foi ameaçada rigorosamente com a espada encostada para que os espíritos do mal que podiam estar alojados se retirassem logo. Então, a Oyassama "explicou detalhadamente, desde a origem deste mundo até como será o futuro mais adiante, a fim de convencer todos da verdade de que não era obra de uma raposa, e sim de Deus-Parens, o Deus verdadeiro".

Eis que a explicação desde o princípio original deste mundo até o futuro mais longínquo é possível por ser o derradeiro ensinamento pregado pelo próprio Deus da origem.

No espírito da Oyassama, sem dúvida, estão claramente projetados os diligentes esforços em criar e formar os seres humanos desde o princípio original, a caminhada com complicações oriundas dos abusos e caprichos do espírito permitido a todos propriamente como seu e ainda, com a chegada do tempo, o esclarecimento da origem de todas as coisas no meio confuso, a abertura do caminho da dedicação única à salvação e enfim até o aspecto do mundo pleno de alegria realizado por todos, salvando-se uns aos outros e vivendo vivazes.

Ainda, sem frisar os tormentos de Zembee, os quatro filhos encabeçados por Shuji com 18 anos de idade na época, com que sentimento se passaram?

São poucos os dados para lembrar isso, mas, na Minuta dos Episódios da Vida de Oyassama (número 2 - Nas ocasiões das palavras divinas), há uma retrospectiva: "Nas ocasiões das palavras divinas, sentíamos tanto medo que cobríamos da cabeça aos pés com colchas e tremíamos abraçadas."

Ou, durante mais ou menos três anos desde que a Oyassama foi determinada Sacrário de Tsukihi, conta-se que eram muitos os dias que ela se isolava no depósito interno. Daí, refletia aos olhos dos colegas de Zembee com cargos nas aldeias, de tal modo que: "estavam penalizados com os Nakayama, cujo lar, todas as vezes que visitavam, só se encontravam crianças tristonhas."

Shuji e Kokan que tinham predestinação dos instrumentos do princípio original, durante a sua vida, serviram Oyassama, ajudaram-na e deixaram pegadas inapagáveis nos primeiros tempos do Caminho. No entanto, pode-se imaginar que, mesmo eles, às vezes, devem ter sentido hesitações, apreensões e ainda conflitos internos.

No caso de Shuji, na época de Revelação Divina, estava com 18 anos de idade. Como herdeiro da família Nakayama que possuía o maior terreno para cultivo de arroz na aldeia, deve ter provado a vida condigna disso. Assim sendo, não pôde deixar de sentir-se confuso com a grande mudança do destino da família, tendo como limite outubro de 1838 com a alteração completa do estado da Oyassama. Mas, ao mesmo tempo, deve ter entendido bastante que a cena da declaração da Revelação não lhe era alheia por ter ocorrido durante a prece evocatória que se repetiu devido à sua dor na perna.

Na Minuta dos Episódios da Vida de Oyassama, número 3 - Depósito Interno, tem-se:

"No mesmo ano, quando Shuji começou a sentir novamente dores na perna, chegando a ser carregado na maca, a Oyassama soprou a parte dolorida e, deixando colado um papel, curou-as completamente em dez dias."

Com a salvação maravilhosa dessa época recente à Revelação Divina, deve ter sentido pessoalmente que Deus que se introduzira na Oyassama não era comum aos deuses que rogaram repetidas vezes até então com preces e evocações, era absolutamente diferente.

Shuji, obediente às palavras da Oyassama, quando saía para a roça de arroz, quando vendia verduras e lenhas, ia sempre coberto com a veste montsuki (com brasão). Depois do retornamento do Zembee, como o chefe da família, protegeu de todos os modos a Oyassama contra as difamações, obstruções, e intervenções e pressões das autoridades, empenhou a mente e energia e tomou medidas para defender o caminho ainda no seu início.

Na ocasião da Revelação, Kokan tinha dois anos de idade em contagem japonesa, em termos exatos, dez meses. Não conheceu a vida cotidiana dos Nakayama e da Oyassama, anterior a Revelação Divina.

Quando deu conta de si, a Oyassama já era Sacrário de Deus, transmitia em oportunos ensejos a intenção de Deus-Parens, concedia sem hesitação os donativos, às pessoas que a visitavam ou procuravam caridade. Como Kokan era pessoa que servia sempre ao lado da Oyassama, sem dúvida, tenha sentido diariamente que a Oyassama era uma deusa. Ainda assim, deve ter sentido insegurança em relação aos fatos do sustento e à fricção que ocorria com a sociedade.

Isto é, houve dia em que Kokan disse a Oyassama: "Mamãe, já não há arroz." Ou ainda, quando os seguidores afastaram-se devida à ocorrência da questão do Santuário de Oyamato no dia seguinte à cerimônia da colocação da viga-mestra do Local do Serviço e a irmandade que estava constituída ficou interrompida, Kokan murmurou: "Não deviam ter ido."

Na ocasião do primeiro caso, Oyassama incentivou-a:

"Neste mundo, há pessoas que estão sofrendo apesar de ter alimentos acumulados aos montes à cabeceira, porque não conseguem comer mesmo que queiram, nem passar a água pela garganta. Se pensarmos nisso, estamos muito bem, pois quando bebemos água, sentimos o gosto da água. Deus-Parens tem-nos abençoado com a sua excelente graça."

Na ocasião do segundo caso, Oyassama disse:

"Não deve falar qualquer palavra de insatisfação, pois será a base da explanação para o futuro."

Não se deve esquecer que explicou de modo convincente para extinguir-lhe a insegurança. Kokan foi sempre orientada com amor maternal, foi divulgar em Naniwa conforme foi-lhe dito e ainda serviu nas tarefas respeitáveis como uma deusa jovem.

A Oyassama, tomando como base estes dois, explicou longamente sobre cada um nas partes I e XI do Ofudessaki. Por ser pessoas a fazer os trabalhos valiosos, foi-lhe explicado amavelmente a não ser arrastados por sentimentalismo e sim passar respeitando a verdade e fê-los a base de instrução para o futuro.

Bem, este ano completa-se justamente cem anos desde que a nossa fé alcançou a autonomia como uma religião.

Sob a política religiosa do governo de não reconhecer facilmente a formação de novas sociedades religiosas, a nossa fé optou em 1886 pelo caminho de subordinar-se à Sede do Xintó e obteve a autorização de estabelecer a Sede da Igreja Tenrikyo sob Xintó em 1888, e veio a poder atuar publicamente. No entanto, as autoridades governamentais focalizavam os olhos de vigilância ao desenvolvimento notável da nossa igreja.

A igreja que se desenvolveu explosivamente na década que segue a 1887, talvez tenha se projetado nos olhos da sociedade como uma ameaça. Veio a ser atacado pelos jornais e revistas, atraindo injúrias, chegando até a sofrer opressões através da Portaria do Ministério do Interior.

Mais tarde, alcançando o ponto de nossa igreja abranger maioria dos mestres da Sede do Xintó, foi recomendada também por essa Sede a ser autônoma já que a doutrina também divergia originalmente. No entanto, ao começar o movimento de autonomia, o governo impõe várias exigências, e repete-se o indeferimento sobre indeferimento. Afinal de contas, a autorização para a autonomia delongou-se por dez anos.

Nesse ínterim, por causa de demasiadas dificuldades, houve idéia de solicitar auxílio de pessoas influentes e também de desistir. Nesses ensejos, solicitava-se a indicação Ossashizu, sem desviar-se da rota do caminho do ensinamento, e ainda, aprontando a estrutura de uma sociedade religiosa para alcançar a autonomia, continou-se a requerer a autorização com persistência.

A indicação Ossashizu da ocasião da primeira petição, foi advertido a não ser arrastado pela razão mundana.

"Conduzindo a ordem da razão do mundo, diz-se em circunstância da independência. Mesmo que a circunstância seja concluída na razão mundana, com uma razão que começou originalmente do local informe, todas as coisas se diz modo de atar, modo de apaziguar, modo de concluir.

(trecho suprimido) A circunstância que perguntaram, deixando à parte, o realizar-se e o não se realizar, não poderão ver a circunstância esplêndida com um ou dois anos. Sah, sah, venham a começar."

Ao lado de explicar para conduzir tudo baseado no caminho da vida-modelo de Oyassama desde a revelação divina, informa previamente que não se desenvolverá facilmente.

"Veio a realizar-se originalmente no meio que não se conhece nada, tanto o oeste e leste como o norte e sul. É um caminho considerável. Diz-se um caminho espinhoso, também um caminho em penhasco e como também um caminho estreito. Eis que é este caminho que não é fácil. O caminho atual não é o caminho que se realizou agora num momento. Empenhar-se à circunstância, estabelecendo firmemente este espírito, diz-se a flor do caminho."

Repete que este caminho começou de uma pessoa, a Oyassama, ultrapassando o meio de diversas dificuldades e alcançou hoje. Aconselha a empreender o movimento de independência estabelecendo firmemente esse fato no espírito. E afirma que isso é que o modo de trabalhar promissor que pode ser chamado a flor do caminho.

Sendo uma negociação com um país, tende-se a correr nas alegações e senso-comum do mundano. Por isso mesmo, aconselha a empreender ao fato tendo como ponto de apoio a vida-modelo de Oyassama.

Entretanto, no meio do movimento de autonomia dessa extrema dificuldade, foi sendo estruturada como uma sociedade que alcançou hoje é uma realidade.

Agora que está desenvolvida numa proeminente grande sociedade religiosa no Japão, tem uma responsabilidade do ponto de vista social. São requeridos a começar da compilação do livro de doutrina, a formação de mestres e o modo de se movimentar coordenadamente como uma sociedade religiosa.

Já se tinha empreendido a compilação da vida de Oyassama e a uniformização das preleções do Besseki. Porém, nesse ínterim do movimento de autonomia, ao lado de desenvolver a fundação do Seminário de Tenri, a compilação da doutrina, a introdução do sistema de supervisoria, o estabelecimento do estatuto e regulamentos da igreja, o preparo da organização, realizando-se a formação de mestres, procurou promover a elevação da qualidade dos mestres e demitir os mestres inadequados.

Esses esforços deram frutos e alcançou alvissareiramente a autonomia em 27 de novembro de 1908.

A experiência de ter repetidos árduos trabalhos sobre árduos trabalhos desse ínterim, não se pode estimar quanto serviram para suportar as intervenções e pressões governamentais que continuaram por longo tempo mesmo após a autonomia e para alcançar o desenvolvimento maior da igreja.

Mais tarde, até levantar-se para a restauração logo depois do fim da guerra que se deu em agosto de 1945, mesmo passando pelo caminho adaptado às leis com espírito contrariado sob rigoroso controle religioso, sem ser arrastado nas circunstâncias do mundo, preservou-se a qualidade fundamental do ensinamento e conseguiu-se manter a fé, deve-se ao fato de que os precursores do Caminho a começar dos sucessivos Shimbashiras anteriores, andaram conservando no coração a vida-modelo de Oyassama que passou com amor maternal dedicado aos queridos filhos, os seres humanos em meio às dificuldades, e dialogando mutuamente e com espírito unido.

Nesse nó marcante dos cem anos da autonomia, fiz uma retrospectiva a respeito do movimmento pela autonomia. E sinto que o seu significado não se limita absolutamente ao fato histórico do passado.

Apesar de que esta igreja tinha sido preparada como uma sociedade religiosa sob uma rigorosa condição e, passando-o basicamente por uma restauração, tinha continuado até hoje em que temos a garantia da liberdade de crença que permite andar conforme o ensinamento, não posso deixar de perguntar a mim mesmo se herdamos firmemente a aspiração e o modo de trabalhar dos nossos precursores do caminho daquela época.

Arranjar a organização e a estrutura como uma sociedade religiosa, tem uma responsabilidade social de uma sociedade religiosa aprovada oficialmente. Ainda, através disso, alcança a unidade e pode atuar estavelmente. Porém, caso acomodar-se nessa organização e estrutura e vir a carecer de conteúdo e verdade, pode tornar nulo os esforços dos nossos precursores que, repetindo trabalhos árduos de ver sangue a flor da pele, construíram a base e a estrutura que podem ser vistas hoje.

O modo de ser da organização e dos regulamentos da igreja não foi diretamente ensinado pela Oyassama. Há o que resultou da exigência da sociedade e há o que foi determinado para facilitar a atuação como uma sociedade religiosa acompanhando cada época. Se aí houver algo que impeça a atuação fundamental, ou seja, inadequado à época, deve-se pensar em revisar e corrigir. No entanto, mesmo nisso, é essencial o conteúdo mental, a convicção na fé do seguidor.

Assim como se explicou repetidas vezes com Ossashizu (Indicações Divinas) ao desenvolver o movimento da autonomia, este caminho começou de uma só pessoa, a Oyassama, donde nada havia. É o caminho que se estendeu devido ao empenho de corpo e alma na salvação e divulgação em meio das diversas dificuldades, ou seja, é o caminho feito pelas pessoas que sentiram gratidão por terem sido salvas, procurando retribuir, realizando a vontade do Parens de salvar o mundo em geral.

Quanto a nós, seguidores de hoje, sem deixar levar-se pela moda da época e ambição mundana, regravando no coração que este caminho foi iniciado de uma pessoa, a Oyassama, elevando a convicção de ser yoboku, isto é, material para a construção do mundo pleno de alegria. É importante divulgarmos a vida plena de alegria a partir daqueles que estão ao nosso alcance.

Amplamente, desde a questão da ecologia da Terra, estreitamente, até a questão entre o marido e a mulher, os pais e os filhos, nós estamos numa época em que se sente um tanto coberto de insegurança e obscuridade devido a diversos problemas sociais. Naturalmente, é preciso meditar em como enfrentar cada um desses problemas. Para nós que trilhamos este caminho, é essencial que pratiquemos o ensinamento, antes de tudo, com a convicção de que não há nenhum erro se estivermos passando como a Oyassama ensinou. Creio que, tendo essa base é que valoriza inúmeras reflexões e medidas. Sob esse sentido, julgo que é um dever urgente a nós atribuído hoje transmitir e estender este ensinamento a maior número de pessoas possível.

Hoje, neste ensejo do Grande Serviço, explanei o que penso.

Embora a posição e o encargo sejam diferentes, solicito a todos que se animem nos trabalhos do Caminho com entusiasmo.

Deixo estas palavras como uma saudação.