Tyotyo_2014.01

Palestra do Primaz da Grande Cerimônia de janeiro de 177 RD

Os meus sinceros agradecimentos a todos os senhores que, vindos de várias localidades, compareceram em grande número para reverenciarem a Grande Cerimônia de janeiro e, juntamente, acabamos de realizar alegres e animadamente o Serviço Sagrado.

Primeiramente, as minhas felicitações pelo início do ano 177 da Revelação Divina. Feliz ano-novo a todos. Gostaria de agradecer também pelo empenho de todos, durante o ano passado, sendo o primeiro ano de atividades dos três anos, mil dias, para os 130 anos do Ocultamento Físico de Oyassama, em que trabalharam animados na dedicação sincera à salvação. Este é o segundo ano das atividades decenárias.

Assim, gostaria de contar com a colaboração de todos os senhores para que continuem animados na missão de salvar o mundo, dedicando firmemente na divulgação e na salvação.

A partir deste momento, farei a palestra da Grande Cerimônia, por isso, peço a atenção de todos.

O dia 26 de janeiro de 1887 é uma data inesquecível para todos nós que somos seguidores deste Caminho. É também uma data importante que não podemos esquecer. É o inestimável dia em que Oyassama, devido ao amor pelos filhos, encurtou 25 anos que ainda tinha pela frente, e ocultou o seu corpo físico, dizendo: “A partir de agora, farei a salvação.”

Desde então, foi realizado o primeiro ano, o quinto ano e depois, contando a cada dez anos, os decenários foram sendo realizados. Daqui a dois anos, em 26 de janeiro de 2016, será celebrado os 130 anos do Ocultamento Físico de Oyassama.

Se durante os próximos dois anos, trabalharmos firmemente pela dedicação sincera à salvação, ou então, mesmo que fiquemos parados, sem fazer nada, o tempo vai passar e, sem falta, chegará o dia do decenário. Como esse dia vai chegar, então cada pessoa deve se empenhar em evoluir espiritualmente para contentar Oyassama e, para isso é preciso praticar animados a salvação das pessoas.

Todos nós que seguimos o Caminho, no dia a dia, temos realizado atividades que tem como objetivo a construção do mundo de vida plena de alegria e felicidade. Na Instrução 3, temos:

A vida plena de alegria e felicidade é a imagem de um mundo em que todos os seres humanos, que são filhos de Deus-Parens, vivem salvando uns aos outros.

A ambição é lamaçal sem fim.

Purifiquem o espírito inteiramente. É o paraíso! HS. X-4

Se ao menos o espírito for purificado completamente,

tudo será somente prazer. ED. XIV-50

Conforme esses versos, a vida plena de alegria e felicidade é também o modo de viver purificando o espírito.

Como está sendo explicado, o mundo de vida plena de alegria e felicidade será concretizado quando todos os seres humanos passarem a viver ajudando e salvando uns aos outros. O importante também é que cada pessoa faça a purificação do próprio espírito.

Entretanto, sobre a situação do mundo atual, na Instrução 3, temos:

A ambição desmedida que desconhece a moderação faz com que as pessoas se equivoquem no caminho, cria os conflitos, e por fim, perturbando a harmonia do mundo, pode colocar em risco o seu futuro.

A condição social atual é o fortalecimento da tendência de pensar: “se ao menos eu estiver bem”, e isso enfraquece cada vez mais o laço fraterno entre as pessoas, colocando em risco até os vínculos familiares. É exatamente um movimento da sociedade que dá as costas para a vida plena de alegria e felicidade.

Ou seja, está sendo indicado que a sociedade está indo em direção contrária à vida plena de alegria e felicidade.

Todos nós devemos fazer diariamente a reflexão do uso espiritual através das oito poeiras e purificar o espírito. Além disso, mostrar à família, aos parentes e aos conhecidos, a forma de viver salvando uns aos outros e transmitir isso para todas as pessoas do mundo.

A partir de hoje até o dia 8 de fevereiro, a Associação dos Moços do Brasil, irá realizar a 47ª (quadragésima sétima) caravana de missionamento. A atividade de divulgação será feita no estado de Mato Grosso do Sul.

Em agosto de 1972, eu também participei da 4ª caravana de missionamento. Durante 45 dias, fomos para a região norte e noroeste, passando por 14 estados e percorrendo 12 mil quilômetros com a camioneta Toyota com tração nas quatro rodas. Hoje, gostaria de relembrar alguns fatos ocorridos nessa viagem.

O objetivo da caravana de missionamento da Associação dos Moços, ou seja, a missão do arakityoryo, desbravadores do Caminho, é divulgar o nome de Deus-Parens, Tenri-Ô-no-Mikoto, aos locais onde ainda não chegou o ensinamento e aos lugares ainda desconhecidos.

A caravana vai para locais distantes do Dendotyo, onde vivem os companheiros do Caminho e animando e incentivando-os, fazem juntamente as atividades de missionamento. Como a caravana foi feita a 40 anos atrás, era uma época de poucas opções de lazer. Procuramos as colônias japonesas para fazer visitas e ao mesmo tempo fazíamos a divulgação. Passamos filmes e fizemos palestras. Como muitos lugares ainda não tinha luz elétrica, tínhamos um gerador a diesel no carro e usávamos para passar os filmes.

Atualmente, fora os estados de São Paulo e Paraná, existem oito igrejas em locais bem distantes. Naquela época, tinha acabado de ser fundada a Igreja Amazônia, no estado do Pará, perto da capital Belém. Pudemos fazer hinokishin durante uma semana, ajudando nos preparativos da cerimônia de fundação. Além dessa igreja, havia somente uma casa de divulgação no estado da Bahia. No Recife, havia uma família de seguidores muito fervorosos. Desse modo, realizamos o ‘Seminário de 1 dia’ nesses dois locais, fazendo o estudo da doutrina. Depois disso, os missionários desses locais fizeram ativamente a divulgação e mais 8 igrejas foram fundadas.

Os filmes para a divulgação eram sobre as atividades da Tenrikyo, os registros das caravanas de missionamento da Associação dos Moços e mais 5 ou 6 filmes de variados temas. Em certos lugares onde na época quase não se assistia a filmes, a pedido dos responsáveis, passávamos todos durante mais de 5 horas, terminando a exibição bem tarde da noite.

Naquele tempo, de Bauru até Brasília a estrada era de asfalto, mas de Brasília até Belém, por quase dois mil quilômetros, era estrada de terra. Em certos trechos, havia obras com desvios e montes de terras e, passando por vários lugares difíceis, demoramos quatros dias para fazer a viagem.

Antigamente, no interior, não havia quase o endereço com o nome da rua e o número da casa. Conhecia apenas o nome da cidade e do bairro. Assim, chegando mais ou menos no local da nossa visita de divulgação, perguntando para as pessoas é que chegávamos ao nosso destino. Por três vezes, recebemos uma maravilhosa graça.

A primeira graça foi quando chegamos às 7 horas da manhã, perto de Belém. Havia muitos postos de gasolina na estrada. Quando entramos em um posto, o dono era descendente de japonês. A Igreja Amazônia ficava a 200 metros desse posto. Como tínhamos viajado durante toda a noite, nos lavamos, trocamos de roupa e tomamos café. Quando conversava com a moça do bar, ela disse para nós que no mês passado, bem perto desse posto tinha acontecido um grave acidente. Foi quando o primeiro condutor da igreja, reverendo Tateo Maruoka, retornou por causa desse acidente. Ao ouvir isso, levamos um grande susto. Tive o pensamento de que a alma do primeiro condutor é que tinha conduzido até aquele posto. Quando decidimos ir até a igreja Amazônia, um jovem da igreja veio nessa padaria para comprar pão. Assim, esse jovem nos levou até a igreja.

A segunda graça foi quando pela primeira vez, a caravana foi para o estado do Maranhão, na capital São Luís. Estávamos viajando a noite toda e ainda sem tomar café, começamos a sentir fome. Mais ou menos às 10 e meia da manhã, paramos em um posto, debaixo de uma sombra de uma grande árvore. Dividimos em uma turma que procuraria o lugar onde ficava a colônia de imigrantes japoneses e a outra turma que prepararia a refeição. Foi quando recebemos uma maravilhosa graça. Bem diante desse posto tinha uma casa de uma família japonesa. Então, ficamos sabendo que aquela região era onde ficava a Colônia de Imigrantes Muroai. No final da tarde, nós, os quatro membros, no mesmo posto, começamos a fazer o Serviço Sagrado, tocando o hyoshigui. Foi quando o morador dessa casa, senhor Saiki, veio até o posto e, disse que sentiu uma grande saudade ao ouvir o ‘Ashikio harote’. Ao perguntar o motivo ele respondeu que o pai, que já tinha retornado, quando morava no Japão, era fiel da Tenrikyo. Quando criança, ele tinha a lembrança de ter ouvido o ‘Ashikio harote’ do Serviço. Nessa noite, na casa do senhor Saiki, reunindo 200 pessoas, passamos os filmes de divulgação.

A terceira graça recebemos quando chegamos no estado da Bahia, na colônia Ituberá. Às 6 horas da tarde começamos a procurar uma casa de família japonesa. Foi quando vimos uma casa que tinha no quintal um pinheiro. Paramos nessa casa e para a nossa surpresa, o morador era o presidente da associação japonesa. Foi realmente uma maravilhosa graça. Ele ainda se lembrava da primeira caravana de missionamento que tinha passado na região, há três anos. Assim, ele nos recebeu com muita alegria. A casa era bem grande. Tiramos a bagagem do carro e como já estava na hora do jantar, fomos convidados para comer junto a refeição. Às 9 horas dessa noite, passamos os filmes de divulgação para 50 pessoas.

Se não encontrasse as pessoas certas, com certeza tínhamos percorrido muitos quilômetros a mais e perdido muito tempo. Por três vezes recebemos uma maravilhosa graça. Senti realmente que Deus-Parens e Oyassama estão sempre à nossa frente concedendo a providência.

Na Indicação Divina do dia 3 de abril de 1887, temos:

‘Neste Caminho, se no cotidiano, dizendo ser Deus verdadeiro e Oyassama, passarem firmes seguindo as indicações de Deus e mantendo isso no espírito, ao seguirem por quatro quilômetros, serão quatro quilômetros; ao seguirem por oito quilômetros, serão oito quilômetros; ao seguirem por doze quilômetros, serão doze quilômetros. E ainda, ao seguirem por quarenta quilômetros, serão quarenta quilômetros. Mesmo saindo em lugar desconhecido, não deixarei sofrer repentinamente. Sem perceber se antes ou depois, do céu, Deus estará se empenhando firmemente.’

Significa que, se no dia a dia, passarmos mantendo firmemente o ensinamento de Deus-Parens e Oyassama no espírito, mesmo que formos a um local distante e desconhecido, de maneira nenhuma estaremos sozinhos e ficaremos sem saber o que fazer, pois Deus-Parens estará nos protegendo durante todo o tempo, mesmo antes ou depois. Fiquei muito emocionado naquela ocasião por ter recebido a graça conforme esta Indicação Divina.

Não somente em relação à caravana de missionamento, mas todos nós, quando saímos para fazer a divulgação e a salvação, o importante é ter a postura espiritual de sempre estar acompanhando Oyassama.

Chegando ao final da caravana, fomos para a colônia Juscelino Kubitschek, no estado da Bahia, onde ficava a casa de divulgação Shimagahara Brás. O local era no meio das montanhas. Em 1979 se tornou igreja, mas ainda hoje, em todo o Brasil, é a igreja mais distante da cidade, bem no interior. Mesmo agora, aparecem macacos no quintal da igreja.

Chegamos no final da tarde na casa de divulgação. A primeira condutora, reverenda Hanako Yamaguchi que já retornou, disse para tomar banho no furô. Porém, não tinha visto dentro da casa, o lugar para tomar banho. Então, fui conduzido para fora da casa e no meio do mato havia uma cerca quadrada feita de folhas de coqueiro. No centro estava um grande tambor. Era um furô ao ar livre. Foi a primeira vez que entrei em um furo feito de tambor desde que nasci. Mas, por causa do cansaço da viagem, foi um banho bastante agradável.

Naquela época não tinha luz elétrica em nem água encanada na casa de divulgação. A água era tirada do rio, através de uma bomba. Era fervida para fazer chá e assim, as pessoas tomavam no lugar da água.

Nessa noite, conversamos sobre vários assuntos. Quando disse para a condutora Hanako: ‘mesmo passando muitas dificuldades nesse local, fico admirado pela senhora estar se esforçando tanto!’ Ouvindo isso, ela contou o seguinte: ‘passados dois anos depois de ter entrado aqui na colônia, o primaz Otake veio fazer uma visita de doutrinação. Sendo uma pessoa tão ilustre e depois de ter viajado por um longo caminho, pedi desculpas por oferecer apenas um simples banho em um tambor. Então, com um sorriso no rosto, ele disse: ‘Não precisa se incomodar com isso. Quando chegamos na colônia Tietê, não tinha nem tambor. Fizemos um buraco em uma grande árvore que derrubamos e com a água da chuva é que lavávamos o corpo. Somente depois de alguns anos é que pudemos tomar banho de furô. Por isso, poder tomar banho de tambor é muito gratificante.’ Ao ouvir isso, pensei: ‘Eu achava que estava passando por muitas dificuldades no meio das montanhas, mas estava errada. Os imigrantes que vieram antes da guerra tiveram que passar por maiores sofrimentos.’ Desse modo, prometi a mim mesma que me dedicaria ao máximo daquele momento em diante. Esse foi o relato da condutora.

As palavras de quem acumulou muitas experiências realmente tem muito valor. A reverenda Hanako Yamaguchi veio como imigrante depois da guerra. As dificuldades passadas pelos imigrantes que vieram antes da guerra é que se tornaram um grande incentivo para os que vieram depois da guerra, e assim puderam passar muito mais animados por diversas situações. Além disso, os imigrantes que chegaram antes da guerra passaram por sofrimentos que não podem ser descritos em palavras. Mas, mesmo em meio a isso, tendo como amparo o caminho da vida-modelo de Oyassama é que conseguiram passar suportando todas as dificuldades.

Atualmente, devido ao desenvolvimento da indústria e da economia, todos nós estamos podendo passar o cotidiano sem nenhuma dificuldade. Porém, creio que nos dias de hoje, as pessoas tem os problemas e passam pelos sofrimentos relativos ao momento atual. Por mais que o problema seja grave, que a situação seja difícil, se não perdermos de vista o caminho da vida-modelo de Oyassama, com certeza poderemos fazer com que dos nós saiam os brotos. O importante é passar com espírito animado por qualquer situação difícil.

Depois de passarmos pela colônia Juscelino Kubitschek, fomos para a colônia Ituberá que falei um pouco antes. Começamos a passar os filmes às 9 horas da noite. Como já tinha assistido por várias vezes aos mesmos filmes, tinha decorado e por estar cansado da viagem, estava cochilando. Então, o presidente da associação japonesa veio e disse que ao invés de assistir os filmes gostaria de ouvir sobre os ensinamentos da Tenrikyo. Assim, fomos para a sala e tomando um café, comecei a explicar sobre o ensinamento do Caminho e conversamos sobre outras religiões. Em certo momento, ele disse: ‘Fico muito admirado de ver quatro jovens, que deixando o próprio trabalho e compromissos se dedicam ao missionamento e, também fazem trabalhos em benefício das pessoas, levando alegria para todos. Entretanto, até hoje, eu nunca acreditei em Deus. Se Deus realmente existir, gostaria de ver com os meus próprios olhos.’ Entendi que ele era ateu ao extremo. Tentei explicar de diversas formas a existência de Deus, mas ele não ficou convencido. Foi quando me lembrei das palavras de Oyassama. Certo dia, na época em que Oyassama estava presente fisicamente, o mestre Tyussaku Tsuji questionou: ‘As pessoas perguntam se existe a imagem de Deus, como podemos responder a isso?’ Então, Oyassama disse: ‘Se disser que existe, existe. Se disser que não existe, não existe. Pois Deus é a imagem que se vê na graça concedida ao pedido realmente sincero.’ Essa foi a sua resposta.

Significa que Deus-Parens existe para as pessoas que acreditam em sua existência. Para quem diz que Deus não existe e é uma criação da mente humana, com certeza para essa pessoa, Deus não vai existir. Entretanto, quando a pessoa ficar doente ou ter um grave problema sem solução, e nesse momento pedir com toda a sinceridade para Deus-Parens e receber a graça, esse será o trabalho de Deus e com isso poderá compreender a sua existência. Essa é a explicação.

Assim, disse para ele que é dessa forma que Oyassama explicou sobre a existência de Deus, mas ele falou: ‘Você pode acreditar nessa explicação, mas eu não acredito. Não consigo acreditar em algo que não posso ver com os meus olhos.’ Naquela época era muito jovem e não consegui dar outras explicações para convencer o presidente e fiquei um pouco desapontado comigo mesmo.

Aqui temos um copo. Como podemos enxergar, temos a certeza que existe o copo. Entretanto, pensando bem, neste mundo não existem somente coisas que podemos enxergar. Mesmo não sendo visível aos olhos, sabemos da sua existência. Por exemplo, em todo o mundo existe o ar, mas não conseguimos ver. Se disser que não existe porque não enxergamos será uma mentira, pois o ser humano consegue viver por estar respirando o ar. Para todos nós existiu o dia de ontem e existe o dia de hoje. Porém, se alguém disser para mostrar aqui o dia de ontem, não poderemos fazer isso. Se disser então que não existiu o dia de ontem por não poder mostrar hoje, não será verdade, pois todos nós tivemos o dia anterior.

Deus não tem forma. Não tem a forma como um copo, por isso é que não podemos ver. Se perguntarem como podemos ver, devemos ver com os olhos do coração. Quando todos nós fizermos diariamente a limpeza das poeiras do espírito, nos esforçarmos em fazer a sua purificação, e dedicarmos para evoluirmos espiritualmente, é que vamos sentir o trabalho de Deus-Parens e compreender a sua existência.

Hoje temos a reverência de muitos jovens e estudantes. O meu desejo é que um grande número de jovens possa participar das caravanas de missionamento.

Deixo aqui o meu pedido para que estudem firmemente o ensinamento de Deus-Parens e Oyassama, que pratiquem no dia a dia e desse modo, possam seguir pelo caminho da evolução espiritual para contentar Oyassama.

Assim, termino as minhas palavras. Muito obrigado pela atenção de todos.